A LINDA SEREIA DA PRAIA DE SÃO CONRADO (Reflexões Filosóficas)

 

Caso seria ou providencial no que meus olhos degustam?

Oh! não sei, como não questiono o que a eles vêm e eles veem

E qual a razão disto eu saber (como a tudo precisar saber)!?

 

 

E n’àquela abençoada hora em que passeio pela praia de São Conrado

impossível não me impressionar com aquela beatífica visão

De meu coração que um tanto mais nest’hora palpita

E não poderia ser para menos

Todavia, não era de fadiga pelo que sobre aquelas areias [eu] corria

e andava

Era de pur’alegria

 

 

Partem, então, as almas mar adentro

quais barcos a deixarem o cais d’onde saíram?

E, quem sabe, à conquista do que não sabem

Todavia seguem a rumar para o desconhecido?

É como eu creio

 

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E no incógnito oceano, oh! tantas surpresas ...

Entre delírios e fatos no que verdades com ilusões [ali] se misturam

A confundir a vista dos experientes navegadores

D’àqueles qu’estão sempre cada qual em sua proa

E, assim, percebem lindas sereias e tantas beldades

 

 

Mas, e quem disse que as sereias s’encontram somente nos mares?

Não, também visitam as praias

E em seus lisérgicos cantos [a se tratar de suas formosuras]

eis que alucinam os olhos de quem as contempla

 

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O que é a real meditação que não seja o perceber a beleza sem nada querer

a querer saber o qu’ela seja?

Sim, ter os infantes olhos dos antigos tempos que apenas viam

E se deliciavam com toda e qual (para eles) novidade

Neste a ser um sagrado estado de casta atenção

Oh! quanta energia em qu’em tais instantes não se vê co’a memória

Desta que tudo já sabe

Já que nela existe um armazém de conceitos e ideias

E tantas delas ... falsas (erradas)

 

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Inegavelmente existir uma “mística” a habitar nas formas femininas

E tudo naquel’instante era, sem dúvid’alguma “místico”

E não era, portanto, uma “beleza” criada pelo “bisturi do pensamento”

Era “surreal” e ao mesmo tempo ... real

 

 

E no qu’eu a contemplava uma “doce perturbação” em mim se fazia

Embora não sabia se era na mente ou, na verdade, n’alma

Como se eu me transcendesse ou de mim, sei lá, fugisse

E, assim, deixasse “de existir”

Seria, devido ao “canto daquela sereia”?

Talvez

 

 

Não, não sei responder, admito

Mas a verdade é que naquele cenário não bebia o cálice d’agonia

E, muito menos, do desespero

 

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E, portanto, provava [ali] uma saborosa sensação de vazio

É verdade, sem nenhuma crítica, nenhum julgamento ou análise

Apenas a apreciar ... mas sem necessitar aprovar ou desaprovar

o que naquel’hora [com grande prazer] eu via

 

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Como é bom ver o belo e deixar que o cérebro se cale

Para que somente as sensações falem

Sim, deixar que se dissipem para bem longe todas as palavras

(Momento raro!)

Assim como desvanecidas se faziam as nuvens por cima do mar carioca

 

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Contemplar aquela belíssima “sereia” a qu’então ali passeava na praia

de São Conrado

A que vagarosamente caminhava à beira-mar

D’onde, pois, nascera seu encanto e sua graça?

Viera, quem sabe, da “eternidade”?

Esta que me aparecera não sei se do nada ou pela Vida

a mim (aos meus olhos) ofertada    

 

   

 

E o que buscaria [ela] neste espaço ao passares agora?

Se viera d’oceano em suas profundezas decerto que algum

propósito terias [ou não]?

 

 

E eis que as ondas do mar de mim riam pelo que chocalhavam

E gargalhavam pelo qu’engraçado de mim achavam

Tal como o tempo que a tudo vê

E talvez até ele também às minhas custas se divertia

 

 

E se vibrantes estavam meus olhos, calada estava minha mente

A admirar co’atenção ... à ela

E a idealizava em minha cabeça

A vê-la sonoramente a me seduzir com seus contornos

Digo “sonoramente” já que é o que fazem as sereias em seus cantos

 

 

Oh! tristes dos que “precisam” definir o que é visto

E assim, sempre buscam razões e métodos quiçá para saber se

o que veem é real ou não

Definitivamente acho totalmente desnecessário tal postura

É como a querer conhecer o mundo unicamente pela razão

E acreditar ser um “pecado [sei lá!] deixar que os sentidos ajam

 

 

E se algum metido a besta (estes puritanos que têm medo da vida)

dizem que “distraindo” estou no tempo, eu retribuo suas palavras

A afirmar que eles é que se distarem com suas regras moralistas

Estas mesmas que os impedem viver “de verdade”

 

 

Não, prefiro ser [aqui] um “hedonista”

A saborear esta breve vida

Até porque ninguém sabe se depois poderá ter outra

E, portanto, longe de mim o ser masoquista

A viver propositalmente em busca de dor e sofrimento

Como a quem s’entrega exclusivamente aos mistérios [da vida] dolorosos

Isto é neurose

Sim, é uma grande loucura

E não leva ninguém a lugar algum

 

 

Pequenas nuvens cobriam o céu

Porém, nada que atrapalhassem o clima d’àquela hora

E a sereia ali persistia, como a me provocar com seus feitiços

 

 

Sua pele riquíssima da mais viva melanina

A contrastar com suas pequenas vestes claras

A fazer ainda mais incompreensível à minha pobre razão

Uma verdadeira bênção aos [meus] olhos, e só

Simplesmente fenomenal

Oh, que bênção estar naquele dia na Praia de São Conrado!

 

 

Carlos Renoir

Rio de Janeiro, 01 de setembro de 2023

 

IMAGENS: MODELO CAROL AMARAL (obtidas pela internet, mas por mim trabalhadas com programas de edição de imagens)

 

MÚSICA: “MULHER BRASILEIRA” – Benito de Paula

É só clicar:

https://www.youtube.com/watch?v=deSsS-Ra9CQ

 

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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES:

 

A LINDA SEREIA DA PRAIA DE SÃO CONRADO (Reflexões Filosóficas)

 

Caso seria ou providencial no que meus olhos degustam?

Oh! não sei, como não questiono o que a eles vêm e eles veem

E qual a razão disto eu saber (como a tudo precisar saber)!?

 

E n’àquela abençoada hora em que passeio pela praia de São Conrado

impossível não me impressionar com aquela beatífica visão

De meu coração que um tanto mais nest’hora palpita

E não poderia ser para menos

Todavia, não era de fadiga pelo que sobre aquelas areias [eu] corria

e andava

Era de pur’alegria

 

Partem, então, as almas mar adentro

quais barcos a deixarem o cais d’onde saíram?

E, quem sabe, à conquista do que não sabem

Todavia seguem a rumar para o desconhecido?

É como eu creio

 

E no incógnito oceano, oh! tantas surpresas ...

Entre delírios e fatos no que verdades com ilusões [ali] se misturam

A confundir a vista dos experientes navegadores

D’àqueles qu’estão sempre cada qual em sua proa

E, assim, percebem lindas sereias e tantas beldades

 

Mas, e quem disse que as sereias s’encontram somente nos mares?

Não, também visitam as praias

E em seus lisérgicos cantos [a se tratar de suas formosuras]

eis que alucinam os olhos de quem as contempla

 

O que é a real meditação que não seja o perceber a beleza sem nada querer

a querer saber o qu’ela seja?

Sim, ter os infantes olhos dos antigos tempos que apenas viam

E se deliciavam com toda e qual (para eles) novidade

Neste a ser um sagrado estado de casta atenção

Oh! quanta energia em qu’em tais instantes não se vê co’a memória

Desta que tudo já sabe

Já que nela existe um armazém de conceitos e ideias

E tantas delas ... falsas (erradas)

 

Inegavelmente existir uma “mística” a habitar nas formas femininas

E tudo naquel’instante era, sem dúvid’alguma “místico”

E não era, portanto, uma “beleza” criada pelo “bisturi do pensamento”

Era “surreal” e ao mesmo tempo ... real

 

E no qu’eu a contemplava uma “doce perturbação” em mim se fazia

Embora não sabia se era na mente ou, na verdade, n’alma

Como se eu me transcendesse ou de mim, sei lá, fugisse

E, assim, deixasse “de existir”

Seria, devido ao “canto daquela sereia”?

Talvez

 

Não, não sei responder, admito

Mas a verdade é que naquele cenário não bebia o cálice d’agonia

E, muito menos, do desespero

E, portanto, provava [ali] uma saborosa sensação de vazio

É verdade, sem nenhuma crítica, nenhum julgamento ou análise

Apenas a apreciar ... mas sem necessitar aprovar ou desaprovar

o que naquel’hora [com grande prazer] eu via

 

Como é bom ver o belo e deixar que o cérebro se cale

Para que somente as sensações falem

Sim, deixar que se dissipem para bem longe todas as palavras

(Momento raro!)

Assim como desvanecidas se faziam as nuvens por cima do mar carioca

 

Contemplar aquela belíssima “sereia” a qu’então ali passeava na praia

de São Conrado

A que vagarosamente caminhava à beira-mar

D’onde, pois, nascera seu encanto e sua graça?

Viera, quem sabe, da “eternidade”?

Esta que me aparecera não sei se do nada ou pela Vida

a mim (aos meus olhos) ofertada       

 

E o que buscaria [ela] neste espaço ao passares agora?

Se viera d’oceano em suas profundezas decerto que algum

propósito terias [ou não]?

E eis que as ondas do mar de mim riam pelo que chocalhavam

E gargalhavam pelo qu’engraçado de mim achavam

Tal como o tempo que a tudo vê

E talvez até ele também às minhas custas se divertia

 

E se vibrantes estavam meus olhos, calada estava minha mente

A admirar co’atenção ... à ela

E a idealizava em minha cabeça

A vê-la sonoramente a me seduzir com seus contornos

Digo “sonoramente” já que é o que fazem as sereias em seus cantos

 

Oh! tristes dos que “precisam” definir o que é visto

E assim, sempre buscam razões e métodos quiçá para saber se

o que veem é real ou não

Definitivamente acho totalmente desnecessário tal postura

É como a querer conhecer o mundo unicamente pela razão

E acreditar ser um “pecado [sei lá!] deixar que os sentidos ajam

 

E se algum metido a besta (estes puritanos que têm medo da vida)

dizem que “distraindo” estou no tempo, eu retribuo suas palavras

A afirmar que eles é que se distarem com suas regras moralistas

Estas mesmas que os impedem viver “de verdade”

 

Não, prefiro ser [aqui] um “hedonista”

A saborear esta breve vida

Até porque ninguém sabe se depois poderá ter outra

E, portanto, longe de mim o ser masoquista

A viver propositalmente em busca de dor e sofrimento

Como a quem s’entrega exclusivamente aos mistérios [da vida] dolorosos

Isto é neurose

Sim, é uma grande loucura

E não leva ninguém a lugar algum

 

Pequenas nuvens cobriam o céu

Porém, nada que atrapalhassem o clima d’àquela hora

E a sereia ali persistia, como a me provocar com seus feitiços

Sua pele riquíssima da mais viva melanina

A contrastar com suas pequenas vestes claras

A fazer ainda mais incompreensível à minha pobre razão

Uma verdadeira bênção aos [meus] olhos, e só

Simplesmente fenomenal

Oh, que bênção estar naquele dia na Praia de São Conrado!

 

Carlos Renoir

Rio de Janeiro, 01 de setembro de 2023

 

Carlos Renoir
Enviado por Carlos Renoir em 01/09/2023
Reeditado em 01/09/2023
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