Jardim Nacional

O som atemporal do zumbido, da seiva e do pio vencendo o relógio apressado do calor de Atenas

No jardim, as almas descansam suas mentes ocupadas

enquanto os pássaros e insetos fazem uma bagunça de sons com o vento

Quando alguns humanos interrompem pacificamente o zumbido por um segundo, minha mente vai para as nuvens.

De onde vejo o personagem. Um pássaro preto rechonchudo brincando com folhas secas no chão. Ou... ele está procurando algo? talvez uma pena brilhante perdida para recuperar a autoestima. Em vão. Mal sabe ele que o que não é guardado não pode permanecer. Fico com pena dele por um momento, enquanto meus olhos observam as árvores banhadas pelo sol

e a pequena criatura se aproxima ainda mais de mim. Devo dizer que se eu já realizei algo na vida, é não representar uma ameaça para um pássaro preto rechonchudo em seu ritual de busca.

E no espetáculo de fundo, gafanhotos, gralhas, libélulas, andorinhas e insetos tentam desesperadamente ter sucesso em sua exibição. Mas eles precisam se conformar com sua bela falta de coerência musical.

Vou descer das nuvens, direi adeus ao meu corajoso pequeno amigo e vou para milhares de anos atrás.

Boa sorte com sua pena.

Bem, talvez ele estivesse apenas procurando comida, afinal. Nós, humanos, tendemos a complicar tudo quando estamos com a mente nas nuvens...

Marília Galvão
Enviado por Marília Galvão em 29/08/2023
Reeditado em 06/09/2023
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