Língua morta? BVIW
Há mais ou menos quarenta anos eu entrava na faculdade de Letras com todo o entusiasmo de uma caloura apaixonada pela língua portuguesa e suas literaturas. A partir do segundo período, começamos o estudo do Latim, para compreender a origem de quase toda a nossa forma de comunicação oral e escrita. Essa bela língua, mãe de outras igualmente belas, foi ministrada por um ex-seminarista que descortinou para nós os mistérios do acusativo, dativo e ablativo. E também o significado de muitas outras expressões que hoje só vemos em citações eruditas ou no jargão das leis, para torná-las um pouco mais grandiosas e obscuras. Para mim, o latim permaneceu vivo sobretudo na beleza do canto gregoriano, como veículo de palavras mágicas, que me levam para o território do divino e do sagrado. Esses cantos de melodias comoventes cantados numa língua tão antiga, têm o poder de nos por de joelhos e nos fazer adentrar um reino onde o coração se enche de temor e reverência à Deus.
Non timebo mala quoniam tu mecum est