A BELEZA DA PANTERA NEGRA (um estudo sobre Estética)
Caminhava sossegadamente pela manhã no Jardim Botânico
E, aos pés do Morro do corcovado, senti-me como que atraído
ao místico Parque Laje
E para lá segui
Interessante quando uma “bênção” nos toca
A levar-nos à enigmática profundidade de nós mesmos
Mas, apesar de tudo não se tratava de uma "auto-hipnose"
E também não era algo nascido da "periferia cerebral"
D'algo a que viesse d'armazenada memória (cheia de tanto "lixo")
Não, nada do "conhecido acumulado"
E, submerso em mim, seguia igualmente o meu “inconsciente”
Ao silêncio das palavras na memória (conforme disse)
Oh! que bom que elas [agora] calam
Meus passos vagarosos se fazem
Como que se afinando ao coração aquietado
E nada naquel’hora era forçado
Tudo era natural, sem direcionamento ou meta a ser alcançada
Como é saboroso se sentir vazio!
Como é bom “não estar no mundo”!
Todavia, são momentos tão raros!
Interessante como às vezes nos sentimos a Vida a nos observar
Desta que oculta por vezes s’encontra, será?
Talvez não?!
A Vida nos vê ... o tempo todo
Ainda que na maioria das vezes queremos dela ... nos esconder!
Mas ela – a Vida – sempre nos vê
Nós é que não a percebemos
Como que irmos pela vida d'olhos fechados!?
E naquela pequena selva, cercada de verde por todos os lados,
uma escura felina em forma de mulher eu avisto
(Embora não sabia se lúcido [eu] estava ... ou não)
Oh! quem poderia definir a beleza de uma pantera negra?
Ou melhor, quem poderia definir o que é ... “a beleza”?
Sim, o exato significado dela, a que s’evitaria qualquer subjetivismo
ou “humanos conceitos”?
O que é ... a beleza?
E ond’ela s’encontra?
Seria nas “coisas” ou, na verdade, nos olhos de quem, então, a percebe?
A se saber que os olhos seriam a representação dos demais “sentidos”
(Já qu’em se falando de “Estética” tem-se também os sons)
Da verdade é que todos acreditam que a medida da beleza
somente os sentidos é que dela degustam
E n’isto não seria bom, já que [ela] de tempos em tempos foge
No que desaparece e, portanto, se esconde de nós
Ainda que ninguém sabe a razão de assim o fazer e, mais ainda, o ser
Mas eis que a mim se apresentava aquela negra pantera
Com sua "geografia" tão incrível
E uma sensação esi qu'em mim s’explodia
Um sentimento de admiração a ser impossível contr’ele lutar
E para quê?
Qual a “verdade” daquela visão e mais ainda de minha sensação?
E meu cérebro s’entregava àquela imagem em suas fantásticas formas
E minha mente [de forma indefesa] se alucinava
Quanto prazer e gozo a me ofertar aquele momento!
(Qu’eu nem sabia se “real” era ... ou não)
E são nessas horas que todo o mental caos se ausenta
Como que se não houvesse nenhuma memória [de nada]
Sim, de cois’alguma
Dos olhos que transcendiam tudo o que superficial fosse
A entrar n’um terreno até então [para eles] desconhecido
E caminhando a passos lentos eu a seguia
Todavia, não havia a presença do desejo
Mas, tão somente da contemplação
E, mais ainda, da fascinação
Ou mesmo de ... adoração
Oh! e retornando à questão, o que é ... a beleza?
E por que o “belo” nos atrai ... tanto?
Ou palavras não podem defini-la?
E seria aquela beleza real e verdadeira ou tão somente “amável”
no que aprazível e, portanto, adorável aos [meus] olhos se fazia?
Poderia alguém amar o belo de forma, como dizia o filósofo Kant,
“desinteressadamente”?
E seria o belo, talvez, uma representação a apontar para "algo mais belo"
no qu’então seria [no tempo] tão somente uma imagem par'ele a apontar?
Se destarte for o que se percebe de belo [no tempo] não seria ...
tão “verdadeiro”
Já que a Verdade não passa
E a beleza no mundo é temporal ...
E, por assim o ser, um’hora s’esvai
Bem, apenas mais uma pergunta:
Alguém pode fartar sua cobiça caso “tenha posse” do que é belo?
Digo isto pela razão de que muitas vezes quase ninguém se contenta
em apenas “admirar” o belo, mas, sim, em tê-lo [para si]
Como que em função d’um magnetismo em possui-lo
Pelo qu’em tal grau forte é su’atração
Ou será que o que julgamos belo seja, na maioria da vezes, ilusório?
(Já que com o tempo, como antes foi dito, costuma-se fugir)
Sim, a beleza é fugaz?!
E assim (caso for) ela seria, quem sabe, irmã gêmea da mentira?
Ah! Sei lá, prefiro nisto não pensar
Pelo menos não nesta singular hora
Este saboroso instante de gozo que n’outras horas não o tenho
Fechei por alguns segundos os meus olhos
Respirei fundo
E suspirei
E, imediatamente, tornei a abri-los
Ond’está aquela linda pantera negra?
Fugiu, como [de nós] foge toda e qualquer beleza?
Ou será qu’escondida estaria e com seus negros olhos a me ver?
Esta que, com certeza, tanto eu queria [por ela] devorado ser!
Ou tudo não passou d’uma viv’alucinação naquele dia em passeando
estive no maravilhoso e esotérico Parque Laje?
Mas, parecia tão real ...
Carlos Renoir
Rio de Janeiro, 28 de agosto de 2023
ILUSTRAÇÕES: MODELO IVI PIZZOTT, SENDO POR MIM EDITADAS POR PROGRAMAS DE EDIÇÃO DE IMAGENS E COMPUTAÇÃO GRÁFICA
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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES:
A BELEZA DA PANTERA NEGRA (um estudo sobre Estética)
Caminhava sossegadamente pela manhã no Jardim Botânico
E, aos pés do Morro do corcovado, senti-me como que atraído
ao místico Parque Laje
E para lá segui
Interessante quando uma “bênção” nos toca
A levar-nos à enigmática profundidade de nós mesmos
Mas, apesar de tudo não se tratava de uma "auto-hipnose"
E também não era algo nascido da "periferia cerebral"
D'algo a que viesse d'armazenada memória (cheia de tanto "lixo")
Não, nada do "conhecido acumulado"
E, submerso em mim, seguia igualmente o meu “inconsciente”
Ao silêncio das palavras na memória (conforme disse)
Oh! que bom que elas [agora] calam
Meus passos vagarosos se fazem
Como que se afinando ao coração aquietado
E nada naquel’hora era forçado
Tudo era natural, sem direcionamento ou meta a ser alcançada
Como é saboroso se sentir vazio!
Como é bom “não estar no mundo”!
Todavia, são momentos tão raros!
Interessante como às vezes nos sentimos a Vida a nos observar
Desta que oculta por vezes s’encontra, será?
Talvez não?!
A Vida nos vê ... o tempo todo
Ainda que na maioria das vezes queremos dela ... nos esconder!
Mas ela – a Vida – sempre nos vê
Nós é que não a percebemos
Como que irmos pela vida d'olhos fechados!?
E naquela pequena selva, cercada de verde por todos os lados,
uma escura felina em forma de mulher eu avisto
(Embora não sabia se lúcido [eu] estava ... ou não)
Oh! quem poderia definir a beleza de uma pantera negra?
Ou melhor, quem poderia definir o que é ... “a beleza”?
Sim, o exato significado dela, a que s’evitaria qualquer subjetivismo
ou “humanos conceitos”?
O que é ... a beleza?
E ond’ela s’encontra?
Seria nas “coisas” ou, na verdade, nos olhos de quem, então, a percebe?
A se saber que os olhos seriam a representação dos demais “sentidos”
(Já qu’em se falando de “Estética” tem-se também os sons)
Da verdade é que todos acreditam que a medida da beleza
somente os sentidos é que dela degustam
E n’isto não seria bom, já que [ela] de tempos em tempos foge
No que desaparece e, portanto, se esconde de nós
Ainda que ninguém sabe a razão de assim o fazer e, mais ainda, o ser
Mas eis que a mim se apresentava aquela negra pantera
Com sua "geografia" tão incrível
E uma sensação esi qu'em mim s’explodia
Um sentimento de admiração a ser impossível contr’ele lutar
E para quê?
Qual a “verdade” daquela visão e mais ainda de minha sensação?
E meu cérebro s’entregava àquela imagem em suas fantásticas formas
E minha mente [de forma indefesa] se alucinava
Quanto prazer e gozo a me ofertar aquele momento!
(Qu’eu nem sabia se “real” era ... ou não)
E são nessas horas que todo o mental caos se ausenta
Como que se não houvesse nenhuma memória [de nada]
Sim, de cois’alguma
Dos olhos que transcendiam tudo o que superficial fosse
A entrar n’um terreno até então [para eles] desconhecido
E caminhando a passos lentos eu a seguia
Todavia, não havia a presença do desejo
Mas, tão somente da contemplação
E, mais ainda, da fascinação
Ou mesmo de ... adoração
Oh! e retornando à questão, o que é ... a beleza?
E por que o “belo” nos atrai ... tanto?
Ou palavras não podem defini-la?
E seria aquela beleza real e verdadeira ou tão somente “amável”
no que aprazível e, portanto, adorável aos [meus] olhos se fazia?
Poderia alguém amar o belo de forma, como dizia o filósofo Kant,
“desinteressadamente”?
E seria o belo, talvez, uma representação a apontar para "algo mais belo"
no qu’então seria [no tempo] tão somente uma imagem par'ele a apontar?
Se destarte for o que se percebe de belo [no tempo] não seria ...
tão “verdadeiro”
Já que a Verdade não passa
E a beleza no mundo é temporal ...
E, por assim o ser, um’hora s’esvai
Bem, apenas mais uma pergunta:
Alguém pode fartar sua cobiça caso “tenha posse” do que é belo?
Digo isto pela razão de que muitas vezes quase ninguém se contenta
em apenas “admirar” o belo, mas, sim, em tê-lo [para si]
Como que em função d’um magnetismo em possui-lo
Pelo qu’em tal grau forte é su’atração
Ou será que o que julgamos belo seja, na maioria da vezes, ilusório?
(Já que com o tempo, como antes foi dito, costuma-se fugir)
Sim, a beleza é fugaz?!
E assim (caso for) ela seria, quem sabe, irmã gêmea da mentira?
Ah! Sei lá, prefiro nisto não pensar
Pelo menos não nesta singular hora
Este saboroso instante de gozo que n’outras horas não o tenho
Fechei por alguns segundos os meus olhos
Respirei fundo
E suspirei
E, imediatamente, tornei a abri-los
Ond’está aquela linda pantera negra?
Fugiu, como [de nós] foge toda e qualquer beleza?
Ou será qu’escondida estaria e com seus negros olhos a me ver?
Esta que, com certeza, tanto eu queria [por ela] devorado ser!
Ou tudo não passou d’uma viv’alucinação naquele dia em passeando
estive no maravilhoso e esotérico Parque Laje?
Mas, parecia tão real ...
Carlos Renoir
Rio de Janeiro, 28 de agosto de 2023