E os versos...
E os versos de outrora
Relembro bem
Das rimas ricas
Mensagens aflitas
Serenatas de amor
Hoje apenas lembranças
De nossa querida infância
Do Drumond a Vinicius de Morais
Dos pensamentos sadios
Hoje, momentos sombrios
Tempos que não voltam mais...
Lembro me até dos poetas mineiros:
Bernado Guimarães, Fernando Sabino
Adélia Prado, Carolina de Jesus,
Guimarães Rosa que o tempo
Passaram esquecidos
Eram ilustres benditos
Em rimas ricas em prosa
E da Bahia um outro inova
Qual seus encantadores
Palavreados supimpas
Emolduram nossa :
Castro Alves, Jorge Amado, Luiz Gama
Gregorio de Matos, O Navio negreiro, Capitães de Areia,
Quem sou eu?
Centena de milhares
Palavras que alçavam voos literários
Dos livros e livros empoeirados
Já os adolescentes de hoje
Nem sabem se expressar
Palavras desconectas
Pronomes neutros
Nem verbos conjugados
Particípio presente, hã
O que é isso?
Uma sátira linguística remanescente
Dos poetas, cronistas, escritores
Meu pé de laranja lima,
Cabana do Pai Tomás,
Gabriela, cravo e canela
Obras irrefutáveis
Traziam uma riqueza de outrora
Um bouquet de sonetos e contos
Nos mais longínquos
Grandes Sertões veredas...
Vinham dos pássaros que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam com lá
Das margaridas, aos cravos e a rosa...
Nos alicerces da língua
Um versejar soberano
Falavam do alpendre
Imaginavam o fulano
Nem falei da literatura
de Shakespeare, dos Lusíadas de Camões
A preguiça da leitura
Dá ao inculto
Alegria de uma dança primitiva
Nós vai, bacana...
E o absurdo da colheita
De uma semente impura
Vocabulário chulo
Redações nota zero
E a língua posta pra fora
Barbaridades e vulgaridades e assim
Eram as águas de março
Que tocavam o verão
Joga pedra na Geni
Ela dá pra qualquer um
Realmente mais realmente
A gente somos inúteis....