A guerra do alfabeto

Certa vez, durante o intervalo de uma escola, 6 alunos estavam comendo enquanto conversavam sobre a prova de matemática que eles tiveram na última aula. Um deles disse:

- Nossa, estou calmo agora que não tenho mais que calcular. Cá entre nós, que coisa boa foi a gente ter estudado antes da prova. - todos os outros consentiram - Só que mesmo assim, eu não sabia como responder a última questão, então chutei, esperando que a alternativa fosse certa.

Ao ouvir isso, uma das meninas ali falou:

- É, o último exercício eu também achei muito difícil. Que alternativa você escolheu, Caio?

- Ah, eu coloquei a alternativa C como resposta, porque começa com "C", de comum.

- Eita! Nada a ver, Caio! A alternativa C não é a exata só porque a palavra "comum" começa com essa letra.

- Claro que é, Ellen! - retrucou Caio - Além disso, a letra "C" também é de "correta", "certa", de "chute certeiro". . .

- Eu ainda acho que está errado.

- Tá, claro. - falou Caio, com sarcasmo - Mas, me conta, que resposta você colocou?

- Então, como não havia entendido a pergunta, escrevi um "X" em cima da alternativa E.

- Tá vendo? Só porque seu nome começa com a letra "E".

- Ei, eu não pensei só nisso! - explicou Ellen - O meu raciocínio foi mais elaborado que isso!

E nesse instante, uma outra garota entrou na conversa e perguntou:

- Ah, então o que a aluna Ellen pensou?

- Eu pensei na frase: "Exatamente, Ellen!"

- Mas a letra "E" também não podia ser de "Errado"?

- É, 'isso é elementar, minha cara Ana'. Entretanto, era isso o que o exercício pedia. Então, raciocinei assim: "Exatamente, Ellen! Essa está errada!"

- Ainda acho arriscado analisar a alternativa assim.

- Também concordo com ela - falou Caio.

- Tudo bem, eu entendi. Mas, que letra você escolheu? – perguntou Ellen.

- A Alternativa A.

- Deixa eu adivinhar. Foi porque você pensou: "Acertou, Ana!"

- Na verdade, foi assim: "Acertou a alternativa, Ana! Muito bem! Arrebentou!"

Ao ouvir isso, uma outra menina que estava a mesa falou:

- "Muito bem"? Ah, você pensou igual a mim!

- Viram? A Bianca também escolheu a alternativa A!

- Bom, na verdade, não foi essa.

- Então, que letra do alfabeto você assinalou?

- Eu fiz uma bolinha em cima da alternativa B.

- Mas, agora não entendi nada. Você não disse que nós duas havíamos pensado igual?

- Sim, mas só na parte que diz: "Muito bem, Ana!"

- Ah, eu deveria ter adivinhado. Você pensou: "Muito bem, Bianca!" E só por isso marcou a alternativa B, acertei?

- Não. Basicamente, eu pensei nisso: "Belo chute, Bianca! Foi bolada certeira no gol! Muito bem!"

- Não acredito.

- Eu também compartilho do mesmo sentimento, comadre! - disse Caio - Caso os colegas presentes não se lembrem, o macete de pensar em "chute" e "certeiro", foi criado por mim!

- Bem, esse é um bom argumento, Caio. Mas, você tem que concordar que foi uma boa resposta, não é?

- Eu não concordo! Com certeza, isso é plágio! Vou contratar um advogado!

- Você vai atrás advogado para ser o seu aliado? - perguntou Ana.

- Certamente que vou. Eu contratarei alguém que está aqui, comendo conosco, para ocupar esse cargo.

- Tá, acredito - disse Ana, tentando disfarçar a risada - Que absurdo, Caio! E quem seria esse alguém?

- O meu camarada nesse caso será o . . . Danilo! O colega que está comendo com a mão esquerda. - depois disso, o jovem Caio se sentou e continuou falando - Então, Danilo, concorda defender a minha causa na Suprema Corte?

- Não dá - respondeu Danilo

- Ah, já sei. Tudo bem se você for canhoto, Danilo. Ninguém vai caçoar de você por isso. Fica de cabeça tranquila.

- Não, não é isso. Deixa eu explicar - daí, o Danilo parou comer e continuou - Eu não posso defender você, dizendo que a sua ideia foi original e que a Bianca roubou.

- Como assim? Agora fiquei curioso.

- É, Eu também estou "boiando". - concordou Bianca.

- Estou dizendo que, não posso defender nenhum dos dois porque eu marquei a alternativa D.

- Ah, agora caiu a ficha! Você também chutou naquela última questão capciosa? - perguntou Caio.

- Bem, devo admitir que, eu chutei na maioria das questões, mas foi só na última que eu escolhi a letra D.

- Mas meu caro, porque você colocou essa alternativa?

- Porquê pensei que "D" seria igual a: "Decifrou a charada, Danilo! Demais! Detonou!"

- Que coisa! Mais um que coleciona palavras com "C" para chutar na prova

- Bom, se é desse jeito, então, eu decido sair da defesa. Me demito. - respondeu Danilo, que voltou a comer.

- E eu cancelo o processo. Caso encerrado!

- Sabem de uma coisa? Deduzindo que todas as minhas decisões definitivas na prova foram as certas, acho que eu devo ter conseguido tirar um dez.

- Ah, já eu acho que não. A letra "A" é a certa, porque ela é a primeira do alfabeto.

- Bom, o "A" tem o seu brilho, mas, a letra "B" é mais brilhante porque vem depois do "A", Ana.

- Porém, o "C" é importante, porque sem essa consoante, não dá para escrever "ABC". Essa é a alternativa certa, Bianca.

- Está errado, Caio. A letra "E" é a exata, porque sem essa vogal, não dá para escrever "Abecedário".

- E sem o "D" também não dá para dizer isso, Ellen. E além do mais . . .

Cada um defendia que a sua letra favorita estava certa, e todos começaram a discutir, menos o terceiro menino que estava a mesa, comendo quieto.

- Ziom! Você precisa nos ajudar! - disseram todos - É, você é bom de resposta! Então, por favor, nos diga: Qual das cinco alternativas você escolheu? Qual letra é a certa?

Daí, o Ziom parou de comer.

- Que estranho essa conversa - disse Ziom - Acho que vocês ficaram meio zuretas depois da aula de matemática. Porquê vocês estão falando sobre qual era a alternativa certa sendo que a prova inteira era dissertativa, se tinha que responder escrevendo a resultado?

A letra "Z" sempre chega no final, para pôr um ponto final na conversa.

Tiago Salpin
Enviado por Tiago Salpin em 22/08/2023
Reeditado em 28/10/2023
Código do texto: T7867922
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