A inconsistência liberal
Que o Brasil é um país incoerente em seus conceitos, todos nós já sabemos, mas algumas idiossincrasias são difíceis de serem compreendidas. Vejamos alguns exemplos:
- O Polocentro (programa criado pela Ditadura Militar para expansão agrícola no país para a região Centro-Oeste) possibilitou o incremento de novas culturas agrícolas, principalmente em Goiás e Mato Grosso, como a soja e o sorgo (até então desconhecidos na região). Os grandes latifúndios agrícolas surgiram, com benefícios e incentivos da União, dos Estados e dos Municípios (incentivos tributários, Embrapa etc). Até hoje, os grandes produtores rurais mantém suas atividades, muito por conta dos financiamentos no Banco do Brasil subsidiados. Então, agro liberal é conversa para boi dormir (em qualquer lugar do mundo: nos EUA, os produtores de milho e de soja recebem benefícios públicos);
- Servidores públicos concursados defendendo o tal estado mínimo é de uma idiotice sem tamanho. Até porque a proporção entre servidores públicos e população no Brasil é menor que nos Estados Unidos e França, por exemplo;
- Indústrias ampliam seus polos produtivos sempre com benefícios fiscais, com terrenos doados pelo Estado.
Liberalismo, neoliberalismo, ou como queiram chamar, é uma falácia, que é cientificamente comprovado como inconsistente (Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia) e insustentável. A despeito disso, vemos vários pseudocientistas econômicos a defender o indefensável. Mas, no Brasil, é de rir (ou seria de chorar?), vermos empresários defendendo o neoliberalismo e, logo em seguida, reclamando da falta de incentivo do Estado.