Visitas de fim de ano
Todo fim de ano, uma visitinha sempre aparece em minha casa. É o parente que veio de longe, ou o amigo querido que escolheu Salvador para passar o Réveillon.
Muitos nunca estiveram por aqui. E por isso enchem-me de perguntas sobre a Boa Terra. Não tenho dificuldades em lhes responder: a Bahia tem coisas que só a Bahia tem.
Subir e descer as íngremes ladeiras de Salvador ; perambular por suas ruas estreitas e tortuosas; conhecer o Elevador Lacerda; rezar em suas centenárias igrejas; e até visitar o Senhor do Bonfim, ainda que Nele não acredite, é o sonho de milhares de brasileiros.
Como também, ouvir histórias como a de Catarina Paraguaçu e de Júlia Fetal, assassinada pelo namorado que, segundo a lenda, confeccionou uma bala de ouro para matar a amada, depois de ser por ela rejeitado.
Ouvir histórias sobre Jorge Amado, Castro Alves, Ruy Barbosa e Maria Escolástica da Conceição Nazaré, a Mãe Meninha do Gantois. De repente, ouvir boas músicas de Caymmi.
Em minhas andanças por este mundo de meu Deus, quando digo que moro em Salvador, escuto, invariavelmente, esta frase: "Não vou morrer sem antes ir a Bahia."
Se isso - não sou baiano - me alegra, pense, o meu dileto leitor, no que devem sentir os filhos desta encantadora terra, nem sempre por eles bem cuidada.
*** *** **
Para receber 2008, um casal amigo estará chegando por aqui, nos últimos dias do ano que agoniza.
Eles não conhecem Salvador. Nas últimas semanas, têm feito curiosas perguntas sobre a capital baiana. Respondo-as com a paciência de um beneditino. É gostoso falar da Bahia...
No mais recente e-mail, perguntaram-me o que, de fato, "só existe na Bahia". Fosse enumerar coisa por coisa, chegaria ao Réveillon de 2008 sem lhes mostrar tudo o que de peculiar a terra de todos os santos tem.
Sabendo-os excelentes garfos, optei em lhes falar um pouco sobre a extraordinária cozinha baiana.
Tive, então, que lhes explicar como é feito o vatapá, caruru, xim-xim de galinha, efó, bobó, arroz de auçá, feijão preto doce; as moquecas de camarão, de peixe e de ostra; e as deliciosas frigideiras de siri e caranguejo.
Falei-lhe, com prazer, sobre o abará e o acarajé, aconselhando-os a prová-los ainda no aeroporto, com uma cervejinha bem gelada. Bem gelada porque, em Salvador, se é dia, a gente chega nos braços do sol; se é noite, acariciado pela aragem morna do Nordeste.
Para finalizar, lhes fiz ver que não sou o primeiro a dizer que uma boa culinária, é o que só a Bahia tem.
Afrânio Peixoto, um querido escritor baiano, já falecido, no seu excelente Breviário da Bahia, sentencia:
" O que só a Bahia tem... Comidas, meu Santo."
Quem achar que Afrânio e eu estamos blefando, que venha a Bahia, e viva, se é que assim posso dizer, intensamente, os sabores desta terra de inigualáveis quitutes...
Todo fim de ano, uma visitinha sempre aparece em minha casa. É o parente que veio de longe, ou o amigo querido que escolheu Salvador para passar o Réveillon.
Muitos nunca estiveram por aqui. E por isso enchem-me de perguntas sobre a Boa Terra. Não tenho dificuldades em lhes responder: a Bahia tem coisas que só a Bahia tem.
Subir e descer as íngremes ladeiras de Salvador ; perambular por suas ruas estreitas e tortuosas; conhecer o Elevador Lacerda; rezar em suas centenárias igrejas; e até visitar o Senhor do Bonfim, ainda que Nele não acredite, é o sonho de milhares de brasileiros.
Como também, ouvir histórias como a de Catarina Paraguaçu e de Júlia Fetal, assassinada pelo namorado que, segundo a lenda, confeccionou uma bala de ouro para matar a amada, depois de ser por ela rejeitado.
Ouvir histórias sobre Jorge Amado, Castro Alves, Ruy Barbosa e Maria Escolástica da Conceição Nazaré, a Mãe Meninha do Gantois. De repente, ouvir boas músicas de Caymmi.
Em minhas andanças por este mundo de meu Deus, quando digo que moro em Salvador, escuto, invariavelmente, esta frase: "Não vou morrer sem antes ir a Bahia."
Se isso - não sou baiano - me alegra, pense, o meu dileto leitor, no que devem sentir os filhos desta encantadora terra, nem sempre por eles bem cuidada.
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Para receber 2008, um casal amigo estará chegando por aqui, nos últimos dias do ano que agoniza.
Eles não conhecem Salvador. Nas últimas semanas, têm feito curiosas perguntas sobre a capital baiana. Respondo-as com a paciência de um beneditino. É gostoso falar da Bahia...
No mais recente e-mail, perguntaram-me o que, de fato, "só existe na Bahia". Fosse enumerar coisa por coisa, chegaria ao Réveillon de 2008 sem lhes mostrar tudo o que de peculiar a terra de todos os santos tem.
Sabendo-os excelentes garfos, optei em lhes falar um pouco sobre a extraordinária cozinha baiana.
Tive, então, que lhes explicar como é feito o vatapá, caruru, xim-xim de galinha, efó, bobó, arroz de auçá, feijão preto doce; as moquecas de camarão, de peixe e de ostra; e as deliciosas frigideiras de siri e caranguejo.
Falei-lhe, com prazer, sobre o abará e o acarajé, aconselhando-os a prová-los ainda no aeroporto, com uma cervejinha bem gelada. Bem gelada porque, em Salvador, se é dia, a gente chega nos braços do sol; se é noite, acariciado pela aragem morna do Nordeste.
Para finalizar, lhes fiz ver que não sou o primeiro a dizer que uma boa culinária, é o que só a Bahia tem.
Afrânio Peixoto, um querido escritor baiano, já falecido, no seu excelente Breviário da Bahia, sentencia:
" O que só a Bahia tem... Comidas, meu Santo."
Quem achar que Afrânio e eu estamos blefando, que venha a Bahia, e viva, se é que assim posso dizer, intensamente, os sabores desta terra de inigualáveis quitutes...