DE "BENÉ" A... JOE BENNETT !

DE "BENÉ" A... JOE BENNETT !

Desde os primórdios da Humanidade o homem desenha, rabisca letras e imagens, escreve traços em cavernas, árvores, papiros, monumentos, vasos, até na areia das praias. Sem machismo algum de minha parte, por mera constatação, nesse campo das Artes "mulher não entra"... ou quase isso ! Raríssimas são as pintoras, as desenhistas -- nem falo de escultoras -- e, na seara dos "gibis", das HQs, dos chamados "quadrinhos" a coisa desanda. Não lembro de um só nome feminino, exceto como heroína ou, por vezes, vilã !

É costume no Brasil se fazer a biografia de alguém apenas quando este já se foi, partiu, "subiu", morreu... daí reúnem seu acervo, pedem declarações a amigos do falecido e lá surge alentado volume sobre as qualidade e os feitos do artista ou herói, sumidade ou gênio seja lá do que for. São raras as Autobiografias e o público "desconfia" delas, as vê como "autoelogio". Ouvi dia desses a absurda declaração de que "quem se elogia não tem valor" ! E onde fica(m) a autoestima, o seu conhecimento da área onde atua, as noções que tem sobre sua função ou profissão, sobre o mercado, enfim ?! Quem tem embasamento sabe bem o que é, o que REPRESENTA na coletividade !

Estes argumentos têm um objetivo nobre, fazer com que o "REI dos Quadrinhos" produza um livro com sua história de vida, desde a infância... e nem falo de colégios que frequentou ou das férias em cidades do interior. Não, senhores, nada disso... me interessa seus primeiros rascunhos, o despertar da vocação, a evolução inicial, seus ídolos na HQ mundial, as influências, sua presença em revistas nacionais e o desabrochar da carreira internacional. Não sei se conseguirei o intento de convencê-lo a escrever sua história DE ARTE, mais do que de Vida.

Eu era jornaleiro nas ruas do bairro Cidade Nova lá por fins de 1986, início de 1987, quando conheci o gigante de quase 1,90m jogando voleibol com amigos em área desocupada bem em frente à casa dos pais dele, na rua WE 26. Pouco depois saberia que o rapaz desenhava... e desenhava bem, me parece que já teria publicado algumas estórias em revistas de HQ lá de São Paulo. Em pouco tempo de contato recebia eu, de presente, rascunhos e "layouts" de futuras estórias, "remakes" do Prince Valiant ao seu estilo, até gibis (em xerox, como os "CRASH" 0 e 1) tendo nos roteiros um certo "Gian Danton", amigo dele e parceiro nos quadrinhos.

Em breve BENEDITO J. NASCIMENTO se destacaria no cenário quadrinista de Belém, daria palestras no CENTUR, iniciaria jovens na "oitava Arte" e seria modelo e exemplo para a maioria. Resta saber quando o jovem "Bené" -- das primeiras investidas em revistas de quadrinhos de São Paulo -- se tornou o internacional JOE BENNETT ! Tudo isso pode (nos) ser esclarecido num "livrão" de capa dura E DE GRAÇA, digo, sem lhe custar 1 CENTAVO... caso ele se inscreva no programa RUMOS, do ItaúCultural ! Torço para que ele o faça, o nome que construiu a duras penas (felizmente sem que os Correios "atrapalhassem" !) hoje lhe abre portas e lhe garantirá (tenho certeza) a aprovação de seu projeto. Não há porque recusar participar... agora tem-se ANO E MEIO para a concretização do que se pretende e tal obra será disputada por escolas, Jornais, bibliotecas e o público comum.

Leio revistas em quadrinhos desde 1965/66, ainda no colégio "dos padres" de Araucária/PR... de lá para cá colecionei-as e tive perto de 2 MIL HQs de todos os gêneros, estilos e temas, até de alguns países como Itália, França, Espanha e Argentina. Por isso posso afirmar sem cometer injustiças, sem menosprezar "concorrentes" e nem parecer bajulador: aquele jovem "Bené" (invencível no "vôlei", mais pelo tamanho) é hoje o "PELÉ do Quadrinhos nacionais", agora IMBATÍVEL pelo talento. TENHO DITO !

"NATO" AZEVEDO (em 18/agosto 2023, 8hs)