Reflexões no Abismo e a Turbulência da Alma

De tão completo que eu me achava, resolvi me transbordar com você, abri o peito, deixei agir, olhos conectados, a boca suave como o último grito do Sol na tarde de um dia gélido. Acho que errei, errei comigo mesmo, errei não em deixar me entrelaçar com o teu viciante calor, mas sim em não me olhar no espelho, no fundo da minha alma e notar, estive tão incompleto que dentro de mim o grito ensurdecedor do silêncio. Acabei me ver no espelho, fraco, tristonho, desesperado, minha frágil alma clama por socorro, esse grito é para alguém ou para mim? Tento de verdade estender a mão e sair desse esgoto fétido e insuportável, mas ela vem me abraçando, me seduzindo, com aquela dança suave, me beija de forma tão doce… Que belos olhos. Amei quem não me amou, e agora a melancólica morbidez me ama e não me deixa ir, eu achei que eu estava pronto para amar. Quando a gente erra só se vê quando é tarde, quando tudo se quebra e o tilintar da ilusão no chão esparramado sinalizando "você errou, o quanto disso foi real?" Me sinto sujo, imundo, asqueroso, um desgraçado completo, o que significa ser suficiente? Eu achei que eu estava completo, mas o pouco que tinha ela levou consigo, estou tão vazio.

Eu só queria chorar e me curar.