Aquilo que tem casca, existe?
Aquilo que tem casca, existe? Minha pele tem tantas camadas, essas minhas versões de mim, e cada um delas tem uma pele própria que sangra, e doí-me ser tantas e não ser eu mesma. Nesse encontro em mim, de todos personagens meus, qual é o real, qual sou? ou eu sou, um espaço, onde tudo isso se passa? Eu sei que todos eles carregam as suas próprias alegrias e fatalidades, cada qual seu amontoado de memorias, e eles acreditam serem, ou se serem. Sem estes meus hospedes, o que seria de mim? um nada? . Se eu existo o que prova a não existência dessas minhas cascas? Um pêssego tem casca, se eu a consumo até o carroço, é o que sobra: uma semente. Eu tenho que me expor, me arrancar de mim mesma? e depois, serei uma esperança de árvore que florescerá? no fim, sou uma esperança de me ser?