Palavras gloriosas e os palavrões

Eu quero todas as palavras que a gloriosa Língua Portuguesa, amigamente, poder oferecer-me. Quero desde as mais singelas às complexas. Perscruto a literatura aprofundando-me no seu ‘dentro’. Pois, nesse encabulamento onde se perpassa o amor, a gente gosta mesmo é do lado de dentro: do prazer que as pessoas nos proporcionam, da mão estendida, do brilho no olhar, do sorriso amoroso, embora amarelado. A beleza é somente um detalhe; a gente enxerga como bonito, aquilo que acalma nossos desesperançosos corações.

Assim como as Palavras.

Uma vez que pensei em desistir das palavras e deixá-las ao vento, aconteceu-me o inesperado: me apaixonei. Precisava da literatura como material para declarar meu amor. Quando não havia reciprocidade, precisei dos textos para desabafar minha dor.

Para fazermos uma história aprendemos desde sempre a usarmos início, meio e fim. Tem o enredo, espaço, tempo, personagens, personagens secundários e mais alguma coisa na qual não me recordo agora. Tudo bem!

Arrisquei num momento da vida, no querer de ser perfeito, seguir todas as regras. No entanto, perdia sempre o ritmo da perfeição e gostava, de vez em quando, de ignorar as histórias com finais felizes.

A vida é como um músico que está iniciando; tem o delírio de sincopar frequentemente. Delirar é gostoso. Aprendi com o Homem de La Mancha.

Escrever não é fácil. O escritor inspira e o leitor respira. Depois da ficção, a realidade sempre nos espera pela manhã. Nos espera como a Igreja com o sino das 18h.

A religião usou a literatura. A bíblia é testemunha: não um livro lido por todos, mas o livro mais temido e adorado ao mesmo tempo.

As palavras têm esse poder. Tem o poder de dar poder aos seus amantes.

Não! Não estou aqui dizendo para que todos passem a ler. Todavia, seria prazeroso um mundo onde todas as pessoas tivessem um livro na mão, no bolso, no armário e as vezes o pegasse para ler.

Minha avó costumava dizer que tudo em excesso faz mal. Eu não entendo. Literatura é meu vício e estou muito bem.

Reparei que estou prometendo muita felicidade. Não digo que ler é ser feliz, mas ser triste com um divino livro pode ser confortante.

Ah, lembrei do que vem depois de tempo, espaço e etc...é o narrador. Esse esquecido!

Como escritora, todas as perguntas que me faço, escrevo num papel. As palavras que não conheço, humildemente, procuro conhecer. Só para saber todas. Como disse anteriormente, eu quero todas. Desde as mais singelas aos PALAVRÕES.

Talvez eu não saiba muito bem quem sou. No entanto, por um lado, isso é bom. Muito bom! Pois enquanto eu não souber quem sou, eu continuarei a escrever e isso é glorificante.