Sonhos Metamorfoseados

Escrevo em jejum, porque vou lidar com o profundo. Escrevo com fome, de pão e de alguma coisa que sinto e não sei explicitar. Fome de mim mesma? eu quero devorar as minhas entranhas? Não vou tocar nesse enigma por ora, quero tratar de sonhos, quero colocar luz sobre os mistérios no dormir que eu não entendo.

Sonhei que em uma grande festa, os mãos vestidos queriam entrar, e eles rogavam para os bens vestidos que lhe dessem boas vestes, que eles queriam participar. Impossível, ficaram a porta, impedidos. Eu estava de fora tudo vendo e depois já estava dentro; com o microfone em mãos, palestrando verdades dolorosas, e ao fundo, que ficava de costas para mim, eu via mulheres concordando com a cabeça, e homens paralisados, como se de subido fossem desmentidos. Logo depois, os maus vestidos entraram por força, e eu via mulheres bem vestidas lutando com as maus vestidas. Fiquei com medo de apanhar, mas cheguei perto, e todas pararam e começaram a me ouvir, admiradas; como crianças que ouvem histórias de suas mães. Tudo isso se passava, como se tudo acontece-se em uma caixa e eu olha-se tudo com uma visão total, como um Deus fora de mim.

Prontamente, fui parar em outro sonho, eu descia por um caminho, andava do lado direito, bem na beirada, sozinha. Do lado, no que termiva a linha da estrada, tinha uma casinha em uma montanha, com um gramado verde limpo, que me enchia de paz. E tudo em volta dela era água, com vales de profundezas e rasos, e pedras de todos os tamanhos, e diversas pessoas nadavam ali, e eu perguntava para eles no decorrer da cominhada: é em frente? a resposta: sim, pode avançar. Eu não sabia para onde iria, mas eu ia. Por que eu estava sozinha na estrada, e não nadando com os outros? talvez, por que eu não saiba nadar, e isso possa me matar?

Seguidamente, um monstro engolia um homem, eu sai assustada. Sem demora; em uma rua, onde eu não via sinal de cidade alguma, mas eu sabia se tratar de uma cidade imensa, eu dançava sozinha ao som de música que vinha do ar, até que eu vi um carro vermelho com dois homens a me olharem e eu parei.

Posteriormente, me encontrava em um campo, com a mesma grama linda da casinha, com um lago perto, calmo, sem movimento. Ao longe, eu via um grande banco, e um fotografo batendo foto de duas meninas, depois da família, todos se sentaram quando acabado o ensaio. Uma criancinha de colo chora, e a mãe vai dar mingau de chocolate para ela, e eu me via lá, sentada com a família assistindo cada movimento e expressão dos que ali estavam. A mãe, não sei porque decidiu dar uma colher do mingau para cada um, eu fui a primeira, e o meu caiu da colher, e sem nada fiquei. Logo, eu me imaginava, por cima de mim, como numa outra dimensão, cantando e eu me dizia: olha a sua versão que canta, e se mostra. Acordei, e que vocês possam por mim interpretar, que agora vou comer e quero deixar essa areia movediça de lado.

Pamela Braga
Enviado por Pamela Braga em 14/08/2023
Código do texto: T7861100
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