Ignorando a ignorância
Houve um tempo em que as pessoas que se assumiam eruditas podiam falar o que quisessem sem serem questionadas, porque as fontes de conhecimento eram de difícil acesso e os ouvintes não tinham como comprovar de imediato as afirmações.
Há algumas décadas a internet possibilitou consultas rápidas para quem tivesse a sua disposição um computador.
Há alguns anos os smartphones possibilitaram que tivéssemos uma imensa biblioteca em nossas mãos. Ou seja, carregamos todo o Conhecimento do mundo em nossos bolsos ou bolsas.
Mais recentemente as Inteligências Artificiais possibilitaram essa mesma facilidade porém com perguntas simples ou mais elaboradas. Temos respostas para tudo e de todas as épocas.
Apesar de toda essa facilidade de acesso ao Conhecimento, muitas pessoas insistem em falar e escrever asneiras, não sei se por desprezo ao Saber ou supondo que todos os que as escutam ou leem são debiloides.
Outra hipótese que levanto é que pelo desprezo histórico ao Conhecimento que nós brasileiros sempre demonstramos, agora que ele está muito acessível, as pessoas não o procuram porque simplesmente não sabem mais que ele existe.
Esse comportamento não é exclusivo de pessoas com baixo nível de escolaridade, porque já ficou bem claro que nossas escolas, inclusive universidades, se especializaram em formar analfabetos funcionais.
A situação é tão grave que chegamos ao ponto em que uma apresentadora da rede CNN dizer que o Chile e Equador não ficam na América do Sul e em outra ocasião, ela afirmou com convicção que na nossa bandeira nacional está escrito a frase “Independência ou Morte”.
Esses conhecimentos são básicos, adquiridos nas escolas primárias, o que diremos então de outros que estão ligados a aspectos técnicos e que são vomitados o dia inteiro por jornalistas, “youtubers”, “formadores de opinião”, “intelectuais” de várias cores e formatos?
O amor a Verdade exige inicialmente honestidade, mas é difícil em se pretender estabelecer a Verdade se as pessoas não sabem mais o que ela seja, o que é honestidade e nem sequer o que seja Conhecimento.
Estamos a meio caminho de uma Sociedade composta de “zumbis intelectuais” e pior, se achando os “bonitões da bala Chita”.