Sampa
Sampa festeja. Loja lotada, comércio a mil. Gente saindo pelo ladrão e ladrão de monte.
Sampa rasteja. É camelô, mendigo, moleque na via, puta parindo no meio da rua, crack, erva, pó.
Sampa garoa. É frio, calor, chuva, sol, e garoa de novo.
Sampa enriquece. É a Oscar Freire ditando o preço, a patricinha cheia de sacolas, o metrosexual comprando gravata de 500 paus; dona Maria comprando lap pro neto que nem sabe escrever direito; seu José dando carro pro filhão que fez quinze anos ontem.
Sampa empobrece. É nordestino na fome, na ponte, na viela, no buraco. Favelado subindo e descendo no esgoto. De cabo a rabo. O cabo no rabo e vai indo. Cata papelão, junta latinha, canta, toca, faz malabares, passa o chapéu, vende bala no farol, faz michê de 20 paus (só um chupadinha), cai na branca (pinga mesmo, que a outra é pros ricaços), fala fiado, compra fiado, corrompe, se irrompe, morre.
Sampa nasce, renasce, respira, inspira e é isso e mais um pouco.
Sampa é um mundo. Um mundo louco.