A leitura dos fatos e uma lembrança
Na sala de espera da Santa Casa, onde meu esposo faz quimioterapia. As pessoas que estão acompanhando os pacientes, trocam experiências e vivências. Nessas trocas, cada um conta sua história.
Fiquei muito admirada com a história de uma das senhoras. Ela disse que já perdeu a conta de tantas quimioterapias que fez. Quando fez a vermelha perdeu os cabelos, passou um bom tempo que precisava usar muletas para caminhar, contudo, esse tempo passou. Não perdeu a alegria de viver. Não parou de trabalhar, falou da importância de usar a cabeça, ler, fazer trabalhos manuais, não se desligar das atividades físicas. Ela colocou a mão na nuca e disse que desde o início da coluna até o final estava tudo com metástase e que está vencendo. Falou também que hoje é necessário desligar a televisão, pois ela apenas mostra coisas ruins e coloca medo nas pessoas. Tudo que se deve ter, é coragem, não nos abater diante das dificuldades. Outra senhora, que acompanha o marido, contou sobre o estado dele. Cada pessoa mostra seu modo de ver a doença, e a disposição de fazer o tratamento indicado. Nesses momentos me
recordo de minha irmã, quando estava no tratamento, mas não teve essa garra e força para superar. Carregava uma sacola com os medicamentos que devia tomar, mas não fazia uso deles. Não tinha quem conseguisse fazê-la ingerir. Clamava pelo desenlace, até que aconteceu. Na última visita que fiz pra ela no quarto do hospital, ela estava dormindo, de repente abriu os olhos, me olhou e sorriu… foi um sorriso com carinho, sorriso de partida, de fato, ela partiu…
Já se passaram dez anos de sua partida, mas muitas vezes recordo aquele sorriso…
Iza Engel