ÁGUAS VERMELHAS
A tendência de tudo nesta vida é "passar", como passam as horas. Passam as chuvas, as nuvens, as estações, ondas no mar...Passam as carroças e seus cavalos magros e suarentos, os cachorros com seu olhar triste, as prostitutas velhas e cheirando a naftalina...a batina do padre furada pelas traças... Tudo passa. A dor de barriga, o homem que vende bilhetes [olha a borboleta!], a mulher que pede esmolas, o irmão que vai embora, o amigo que se casa... A faculdade que termina, a briga que se acaba, o pão que amolece, a fruta que apodrece, a boca sem dentes, o sorriso sem graça... Tudo nesta vida é passageiro, assim como viajantes de um trem, passageiros de um avião, de um balão, de um sonho... Passam as risadas, a pele macia, as pétalas das rosas, o silêncio dos olhos, a fome da barriga, a sede das bocas... Só não passam as águas vermelhas... águas paridas em sofrimento, rasgando, abrindo as entranhas da terra, vertendo em jorros, escorrendo, tingindo meus olhos deste vermelho sangue...
A tendência de tudo nesta vida é "passar", como passam as horas. Passam as chuvas, as nuvens, as estações, ondas no mar...Passam as carroças e seus cavalos magros e suarentos, os cachorros com seu olhar triste, as prostitutas velhas e cheirando a naftalina...a batina do padre furada pelas traças... Tudo passa. A dor de barriga, o homem que vende bilhetes [olha a borboleta!], a mulher que pede esmolas, o irmão que vai embora, o amigo que se casa... A faculdade que termina, a briga que se acaba, o pão que amolece, a fruta que apodrece, a boca sem dentes, o sorriso sem graça... Tudo nesta vida é passageiro, assim como viajantes de um trem, passageiros de um avião, de um balão, de um sonho... Passam as risadas, a pele macia, as pétalas das rosas, o silêncio dos olhos, a fome da barriga, a sede das bocas... Só não passam as águas vermelhas... águas paridas em sofrimento, rasgando, abrindo as entranhas da terra, vertendo em jorros, escorrendo, tingindo meus olhos deste vermelho sangue...