EXPLOSÃO DE IDÉIAS
Idéias são, provavelmente, como inúmeras estrelas amontoadas entre nuvens e miragens. Elas estão lá, distantes, ocupanda cada uma o seu lugar no ordenamento do cosmos, inalcançáveis algumas durante um longo tempo até que alguém descubra o seu brilho e, tendo-a dominada em suas mãos, a exiba para conhecimento coletivo; fáceis de encontrar outras tantas daí se tornam comuns, simples, meras. Quando, repentinas como uma aparição, elas explodem e surgem maravilhosas, o mundo as recebe eufórico e delas faz uso deixando-as expostas, à vista, e já então tais idéias tomam o nome de seus desbravadores e se tornam propriedade humana. As idéias renovam a existência e dão um novo alento alegrando e trazendo o ardor de diferentes luzes, e o seu brilho enche o espaço, ocupa posições, apaga a escuridão da ignorância. Porque o não conhecer é o mesmo que não ver, tal qual o ser sem saber, o estar vivo quase sem perceber. Completa cegueira, enfim. O mundo necessita, sempre, de idéias recém brotadas, de novidades oriundas das tempestades cerebrais que trazem a lume um conjunto de benefícios para melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Sem isso, desprovido desse vislumbre e dos devaneios dos visionários é perceptível uma estagnação capaz de retardar a evolução do homem, o que faz com que tudo se assemelhe, destarte, a repetitivos momentos de mesmice, a tolos cotidianos niilistas e sem a menor graça. E o nada é somente escuridão, espelho do vazio, vereda tolhida por demasiados óbices, letras borradas, visão sobejamente turva. Por sua vez, o aquilo de sempre, o mesmo deprimente e suas vertentes habituais tornam o dia após dia meio que nulo e descolorido, pois a revelação e a surpresa são inesperadas pérolas de mudança imprescindíveis e sempre bem vindas. Estar vivo é não apenas aguardar a passagem do tempo, mas se possível tentar moldá-lo, faze-lo trabalhar em nosso prol, procurar escolhas diferentes, pintar a lua de vermelho, por exemplo, cobrir o sol com a mão, pintar as nuvens com cores abstratas, torná-las multicolores, o sui-gêneris enfim. Daí o turbilhão das idéias ser o algo mais, aquele sub-reptício toque mágico capaz de conquistar e cativar, de acender fogueiras ao redor das geleiras, de sonhar voando porque asas surgiram do além-imaginado, de andar de bicicleta no espaço como se numa aeronave e tendo como motopropulsor apenas a força do pensamento e da fantasia. O horizonte é vasto, sem dúvida. Ter novas idéias é repensar a rotina, trabalhar a mente para que permaneça sempre jovem e ativa, é fazer do diferente e do estranho o igual e o interessante, é, sim, transformar um jovem drogado num cidadão útil à sociedade e levar os criminosos a se interessar por fazer o bem ao próximo, numa total metamoforse benéfica. Fará a sociedade sorrir e ser melhor. Sejam então as idéias almejadas a todo instante, procuradas como se busca intensamente um tesouro por demais precioso. O objetivo é, conforme está explícito, o discernimento do oculto, vasculhar o escondido, avistar novos horizontes. E que venham abundantes, em cascata para nos deixar a, um só tempo, atônitos e encantados, sorridentes, felizes, também ansiosos por muitas idéias todos os dias.