E na cidade eleita a melhor para viver...

A mãe de Rosilda, senhora Rosalva, não vê a filha há mais de 10 anos apesar de sempre se comunicarem por telefone fixo e, ultimamente, por celular. Está encantada em saber que onde a filha mora é a melhor cidade do mundo para se viver. Exagero, claro, da orgulhosa mãe. A ilusão foi se desfazendo quando Rosilda a visitou mês passado com seus três filhos. Um de quando ainda estava na casa dela e dois vieram com a nova união. Outra ilusão. Mas o pretendente era bom de lábia e uma das primeiras gabolices foi contar onde morava: Na melhor... esquece. E a deixou com mais dois filhos.

Reside em um pequeno apartamento e trabalha em cinco casas de famílias - ricas, claro -, para dar conta da conta bancária que os filhos vivem mexendo. Os filhos não. Ela, por conta dos filhos.

Ah, sim, Rosilda tem um automóvel para sua locomoção e colégio dos filhos. O carro... ora, falar bem do carro de Rosilda não dá. Ela mesma admitiu. Ainda bem que não contou para a mãe que já o bateu 13 vezes e quando ela estava errada (7 vezes), pagou o conserto dos outros. Quando estava certa, os culpados desapareceram. E também não contou a história do estepe. Quer dizer: não tem mais estepe. Roubaram. O macaco também. E que agora paga um seguro e à noite o deixa estacionado na rua com esperança que o roubem. - “Mas tá difícil. Talvez por ser cor-de-rosa...”, reclamou.

Ultimamente dona Rosalva não está assim tão eufórica em contar para parentes e amigas o nome da cidade que a filha reside. E nem em que realidade. A melhor cidade do Brasil para se morar (sim, agora é do Brasil) é a mais cara do Brasil. - “Tudo nessa vida tem um preço”, anda a dizer a si mesma.