Super Modesto

Que vidente maluquete você inventou...

Sabe que estranhei também. Depois fiquei pensando: mas que vidente maluquete realmente! Diabrete. A trama podia melhorar. Salvo o lado encantado da vidente. Necessidade que tive de exprimir sensualidade ao fraco mistério do momento. Por Deus! Ele completamente sem realizações, ela com todo o porvir. O fato que você puxou conversa bastante irresistível para quem busca fôlego escrevendo histórias tortuosas com vidente feliz, dinâmica, capricho astral e outras quejandas maluquices. Queria extrair mais dessa história como a necessidade do chope e do violão além da nova novela que acabo de inventar, mas sem roteiro ainda, em primeiro plano: novela litorânea. Novela bonita. Novela brasileira. Pegaria então a parte da vidente maluquete e sobre uma nuvem no mar olharia tudo de bom que a terra floresceu. A minha vidente na verdade vê um país esplendido e estou arrependido de ter levado a trama como levei. Mas você leu! E me deu forças para conseguir dedicando algumas horas em paz na calma da imaginação. O mundo é louco! A gente que escreve nunca sabe se acerta. A vidente não mediu esforços para mostrar de cara um jogo sem vitória, chegou a fazer um gol contra ele. Mal entrou no ambiente para influenciar o curso dos acontecimentos tornou-se amante de imperador apatacado e ele jogador de futebol oprimido pelo gol contra na decisão de um campeonato. Faltou o samba. Batucada. No fim tudo ficou bem. A compactação da crônica prova um roteiro. Mostrei para alguns olhos críticos o texto e ouvi a seguinte declaração: você está, sem querer é claro, passando por super modesto! Aí eu gritei: é a grande crônica. Enfrentaria os números. Super Modesto! Um roteiro é a crônica espichada e confesso pelo tempo multiplicado que li poucos cronistas. Tento desesperadamente imitar os melhores. Ainda sem sucesso. Se me sento a ler é porque estou de férias. Para escrever ninguém diz nada. Você escreveu com as palavras de cronista: vidente maluquete, mistureba. Isso me fascinou. O texto é jogado no ar com um tempo de pré-edição virtual que leva ao novo distanciamento para interpretação textual. Abandonei o lápis, papel e a borracha. Vou digitando tudo numa mistureba dos diabos. Caro amigo novo: um dia levo todas as minhas crônicas ao psicanalista e se ele aconselhar psicodrama eu ganharia em teatralidade. Haveria mais. Táxi, rua, árvore, chafariz. Vontade que dissessem: esse negócio escrito aí tem cinema. De modo que maluquete está longe de ser politicamente correta. Não dá. Mas o mundo é alegremente louco quando chega o próximo cliente. Vidente, bola de cristal e placa de oferta: bola de cristal mil reais. Ele compra a bola de cristal. Ela fica feliz contando as pratas e ele vai jogar boliche. A cena se fecha como num balão de chiclete.