CRÔNICA - Coisas da Vida - XIV - 05.08.2023 (PRL)

 

 

 

CRÔNICA – Coisas da Vida – XIV – 05.08.2023 (PRL)

 

 

 

Quando eu era rapazinho (conto no livro que estou fazendo), já na idade de servir ao nosso   glorioso Exército Brasileiro, conheci uma jovem muito linda.  Marlene era seu nome. Ela estava na entrada do colégio e, de repente, olhou para trás e me viu. Os amigos que estavam comigo me disseram: “Rapaz, essa menina está te chamando!”! Dei uma carreirinha e cheguei até essa beldade. Ficou combinado que, por volta das 19.00 horas, eu iria vê-la na sua casa, que era na mesma rua da instituição de ensino, a um logradouro do meu endereço...pertinho.

 

Na hora combinada, antes disso alguns minutos, lá estava eu conversando com uma das mais belas mulheres do bairro, e fiquei indo todos os dias. Com muita pena, claro, tive de dar por terminado um namoro com uma garota que morava na outra rua (Dona Julieta), porque tinha somente 13 aninhos, e o relacionamento estava sem graça, eis que era de família rica, enquanto eu navegava num mar de dificuldades.

 

Pois bem, fui vestir a farda VO (verde-oliva), do Exército, todavia numa cidade do grande Recife – Socorro – Distrito de Jaboatão dos Guararapes, numa contramão desgraçada, distante uns 16 km. De ônibus era muito cara a passagem, mas tinha a opção de poder usar gratuitamente os trens da Rede Ferroviária do Nordeste (Federal). Havia ocasiões em que não me dava coragem de voltar, em face dos pesados exercícios que os recrutas eram levados a fazer (eu sempre fui magrinho). E nessas ausências do Recife, claro, fui perdendo o contato com a Marlene, a coisa mais linda do mundo, fogosa como os seiscentos diachos!

 

Um dia, voltei de Socorro ao Recife, pois estava doido para rever a namorada, tesuda, corpo escultural, maravilhosa, mas nesse tempo a conversa era no portão ou na calçada, não havia a chance de sexo, salvo uns amassos, que é da tradição e da necessidade, seja do homem e/ou da mulher. Tive muita tristeza, ela me contou que pensou que eu a havia trocado por outra, sem aviso, de forma que ainda na mesma rua havia um rapaz, Oficial R2, do CPOR, que lhe propôs namoro, tendo boas intenções. Então terminamos numa boa, e eu fiquei sem nada, sem ninguém. Cumpre notar que as meninas do arrabalde me achavam até bonito, não sendo problema algum estar sem namorada naquele momento.

 

Fiz o curso de cabo, passei e fui promovido com 3 meses de caserna. Uma vitória para um pobre coitado como eu. Meu salário teve aumento, passei a ganhar uns R$ 500,00 (Quinhentos reais), dinheiro de hoje, mas já era alguma coisa. Tentei fazer as provas para a Escola de Sargento das Armas, em Minas Gerais, todavia no dia da última, o trem atrasou por problemas na linha, gerando-me esse prejuízo, porquanto além de perder o exame ainda fui punido com 8 dias de detenção no alojamento, e desanimei. Recebi baixa, arranjei um emprego, matriculei-me no curso científico, a fim de galgar a Faculdade, que prometi ao meu velho pai.

 

Nas proximidades do Natal, um vizinho, que muito ajudei num concurso que ele faria num banco comercial-particular, aqui no Recife, com sede em Minas Gerais, me convidou a ir a uma festinha de rua, justamente na cidade de Jaboatão, em comemoração ao padroeiro, o Santo Amaro, que aceitei de imediato. E nós fomos, e aí mudou toda a história da minha vida, pois lá eu conheci a lindura da Jane, que viria a ser a minha esposa dis anos depois. Infelizmente ela partiu sem combinar comigo, e hoje vivo absolutamente só, “sem lenço e sem documento”. Mas essa é outra história...

 

Pois bem, não é que eu encontro no bairro onde cresci, depois de tanto tempo, aquela lindura da Marlene, que parece ter ficado viúva ou ter se separado não do oficial do Exército, mas de um dos maiores profissionais da imprensa do Recife. Não lhe perguntei nada, apenas dei-lhe meu cartão com o meu número de telefone, mas eu nem esperava que ela fosse ligar. Ligou sim, e manifestou o desejo de se encontrar comigo, queria me ver de todo jeito, afagar meu coração, essas coisas que só mulher sabe falar. Fiquei surpreso, mas com muita calma disse-lhe que estava de luto, que havia perdido a minha esposa há pouco tempo, e que não estava preparado psicologicamente para novos compromissos, todavia não descartei, não dei um fora à beleza de mulher, agora já madura, mas em forma!

 

Decorrido algum tempo, provoquei-a com muito jeito, mas ela recusou a conversar nesse sentido, fazendo com que me recolhesse a minha insignificância.

 

Fico por aqui, dizendo que qualquer fato ocorrido com pessoas vivas ou mortas sobre esse assunto é mera coincidência.

 

SilvaGusmão

ansilgus
Enviado por ansilgus em 07/08/2023
Reeditado em 08/08/2023
Código do texto: T7855818
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