Políticas de extermínio
Não fossem as pressões internacionais, principalmente da Inglaterra, D. Pedro II jamais teria acabado com a escravidão oficial no Brasil. As políticas abolicionistas internacionais afetaram significativamente os preços dos negros escravizados, de maneira que a exploração desta mão de obra tornava-se inviável, ao ponto de os próprios fazendeiros também fazerem coro pelo fim da escravidão negra no país.
Quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, não foi um ato de bondade, mas uma jogada política que deu errado. Se grande parte dos fazendeiros queria o fim da mão de obra escrava, o entorno da Coroa, produtora de café, ainda se valia da exploração dos negros; estes fazendeiros, ricos e poderosos, perdendo seus lucros, aliaram-se aos republicanos e, em 1889, derrubaram D. Pedro II, e colocaram no Governo o General Deodoro da Fonseca.
Com o fim da escravidão, esperava-se, pela lógica, uma indenização aos negros, já que estes, durante séculos explorados pelos europeus (e até por alguns negros), saíram das fazendas sem as mínimas condições de sobrevivência, pois saíram da condição de escravizados para a de desempregados e sem moradia. Mas não, como o brasil sempre prioriza os poderosos, os barões do café é que foram indenizados pelo Governo pelo fim da escravidão.
D. Pedro II tentava esconder a pobreza, com políticas eugenistas, mandando para os morros os moradores negros e pobres do centro do Rio de Janeiro.
Estas políticas eugenistas são parte da história brasileira. A campanha para a vinda de mão de obra europeia, com todo o incentivo e dinheiro públicos, foi uma das tentativas de se "europeizar" o país. As políticas de criminalização da pobreza e da negritude no país são perenes e assimiladas por toda a população (os próprios negros e pobres repetem os discursos higienistas e eugenistas) - como disse Simone de Beauvoir, o opressor só consegue seu intento de opressão se tiver ajuda de alguns oprimidos (os capitães do mato e as polícias de hoje).
Durante a pandemia, políticas de extermínio de pobres e negros foram evidenciadas. O governo paulista, através de sua Polícia, extermina há dias, negros e pobres das favelas. Política de extermínio esta que não é novidade no país; as polícias servem aos opressores.