PAI, VOCÊ É ...
Prof. Antônio de Oliveira
Ser pai é um acontecimento de vida. Coisa séria. Não é simples evento, fenômeno aleatório. gente que acontece, fruto de ser ou de constituir fato de importância na vida social. Mesmo sem popularidade, sinônimo de banalidade, de futilidade. Ser pai é uma realidade que se perpetua no filho, na filha, no neto, na neta...
Narcisismo de pai até que se justifica. No filho, na filha, a imagem do pai melhorada, aperfeiçoada como num espelho mágico, personalizado com um nome próprio: – Espelho, espelho meu! Filhos não são propriedade. Não tenho filhos. Sou pai. Um jogo de palavras que muda o jogo da vida. Viver é conviver. Não é apenas sobreviver, vegetar, proteger-se à sombra de um pai poderoso, escudo protetor. Ser pai não é ser senhor. Ser pai é ser penhor.
Quando, desde criança, criada com carinho e energia, como “ouro acrisolado no fogo”, de que fala o Apocalipse torna-se o grande elogio que meu filho me fez um dia:
– Pai, você é foda!
Como é que uma expressão chula, um disfemismo, cala fundo e se transforma num eufemismo, numa expressão agradável de ouvir, de gravar! Magia, feitiço do discurso: pai é foda. O chulo chuleia, assim, cosendo a orla do elogio, prendendo-a, de modo que a tecedura do amor não se desfie, não se esvaia com o tempo em palavras elaboradas e decoradas, porém vazias e insinceras.