Vivendo Entre os Seres Cíclicos
É perturbador viver em um mundo no qual sou impossível de me encaixar. A maioria das pessoas são vítimas do que chamo de Sistema Vital Cíclico, em que as pessoas se prendem a padrões para felicidade, opiniões, preferências, objetivos, estética, vestuário e outros fatores para seguir em modo linear um padrão de vida que engloba desde o interior ao exterior do indivíduo.
Pessoas cíclicas costumam apresentar as seguintes características comportamentais: acreditam em verdades absolutas e aceitam imposições; fazem vários atos sem medir consequências; são facilmente manipuláveis e vítimas de modismos; aparentemente vivem sem propósitos específicos como se viessem ao mundo para passar férias; acreditam em padrões únicos para se chegar a um objetivo; casam-se e tem filhos por mero hábito como se fosse uma obrigação social e não tem muito o que ensinar a seus filhos na maioria das vezes; quando tem filhos não aceitam que eles sejam muito diferentes deles, agindo com pré-conceitos e desejam que seus filhos sejam cópias de si mesmos; não aceitam exotismos a menos que estes sejam aceitos pela sociedade burguesa e da mídia de massa; não costumam se rebela contra nada que atrapalhe suas vidas por julgarem-se fracos perante o mundo; não tentam entender as pessoas diferentes e chamam de loucos todos que não são como eles; e sabem rir do que e de quem desconhecem por serem ignorantes e temem o desconhecido sem estudá-lo por ser mais fácil excluir do que tentar entender.
Em resumo pessoas cíclicas não estão aptas a conviverem comigo sem me julgar como insano, que por sinal é algo que com certeza não sou. Já fiz exames de saúde mental e foi constatado duas vezes que estou acima da média de sanidade mental, por outra interpretação posso ser insano se for interpretado pelo fator de equilíbrio. Como disse uma professora do primário para minha mãe certa vez: "Ele não é maluco, é apenas uma criança muito estranha." O pior não é me julgar negativamente e sim fingir que me aceita e entende, estou sempre disposto a esclarecer dúvidas ao meu respeito, mas atualmente estou desistindo dessa idéia, tem gente que entende tudo errado como já senti na pele as graves consequências sendo acusado de ser o que não sou e fazer o que nunca fiz. Ser pré-julgado negativamente é horrível, eu senti na pele e não desejo a ninguém (talvez somente aos piores inimigos...)...
É bom frisar que não são todas as pessoas comuns que são tão fechadas para uma percepção mais apurada a respeito das coisas da vida, mas estas são raras, geralmente as pessoas cíclicas são estagnadas, limitadas, ignorantes, incompreensivas, alienadas, conservadoras, unilaterais, e dependem de mentalidades pré-formuladas.
Já as pessoas incomuns, que são muito raras, são expansíveis, ilimitadas, compreensivas, conscientes, multi laterais e criam suas próprias mentalidades. Em suma, podemos dizer que é traçada uma linha dualista entre a normalidade e a anormalidade, ser anormal não é algo negativo, apenas ilógico para quem não entende a diversidade personalística. É possível notar que os grandes homens e mulheres da humanidade que se imortalizaram por seus feitos e obras eram pessoas anormais, pois o normal só copia e julga mal, já o anormal cria e modela. A produção intelectual pode provir de pessoas julgadas normais, mas estas costumam ter potencialidades bem reduzidas se comparadas com pessoas excêntricas, exóticas e que estão intelectualmente à margem da sociedade.
Falar para uma pessoa cíclica sobre coisas fora de seu entendimento pode ser um erro fatal sujeito a a ser negativizado perante outros sentimentos e emoções nocivas quanto ao ser diferente e é justamente por isso que passo ao explicar sobre tudo que sou, por isso me protejo em mistérios e enigmas que só podem ser solucionados por pessoas muito especiais que posso contar nos dedos.
Não posso me revelar para todos que conheço, os efeitos são muito perigosos e tem coisas que não posso explicar. As respostas são complexas demais para mentes vãs e fracas, por isso meço quem me rodeia e só permito a poucos que me conheçam além do limite estipulado.
Sou obscuro mesmo, ou seja, significa que não posso ser compreendido por pessoas comuns, somente pessoas mentalmente maduras conseguem entender uma parte do que sou e percebem as pistas misteriosas que dou sobre mim. A maturidade não se refere a idade e sim atitudes e gestos que provam que o indivíduo cresce constantemente. É tudo como um enorme quebra-cabeças, mas só posso dar no máximo 70 das 100 peças do meu tabuleiro, isso só para quem for realmente testado e aprovado em minha seletividade. Pode-se saber muito sobre mim, mas jamais será possível saber tudo, sou misterioso por natureza, tudo é silenciado em prol de minha auto-preservação e auto-suficiência.
Sinto-me perturbado por tudo que sou, é duro expressar-me sabendo que não me entenderão, com todos esses acontecimentos acabo por concluir que é impossível que eu tenha uma boa vida social sem máscaras, portanto é melhor adotar uma atitude de uso de máscara social, assim fingindo ser muito menos do que sou e mascarando minha excentricidade poderei usufruir de uma vida social um pouco satisfatória. Quando algo não pode ser conquistado tenta-se comprar da maneira mais sagaz. Não sei como se julga isso, mas por questões de sobrevivência quando uma porta não se abrir tente entrar por uma janela.
Ninguém entende meu Processo de Vida e Morte, no qual vivifico minha parte harmônica e mato minha parte desarmônica. Agora basta saber que parte minha deve viver e qual irá morrer, já que minha excentricidade é o meu maior brilho. Sem minha excentricidade sou inútil e não conseguirei viver, por sorte minha natureza é imutável. Pensando nisso devo sempre me aceitar, mesmo que ninguém me aceite e eu seja obrigado a deixar todos que me rodeiam para trás matando a vida que tenho para renascer bem distante realizando minhas vontades e sendo quem realmente sou, independente dos fatores que dificultem minha aceitação social tenho consciência que tenho missões a cumprir em vida e não posso permitir que nada atrapalhe minha busca pelo que chamo de Poder.
É necessário interpretar com acuidade o mundo cultural ramificado que está ao nosso redor. A cultura de massa funciona como um veículo de distração para os grandes problemas nacionais e internacionais, essa aquisição de conceitos pré-modelados gera a padronização cultural e social, em contraste acrescenta e fortifica preconceitos a tudo que está à margem do senso comum que impõe regras e estilos forçados para todos os possíveis fins, tornando o comportamento dos influenciados automático e limitado. As barreiras limitadoras da cultura de massa agem na psiquê humana evitando que os manipulados não saibam se comportar adequadamente diante do exótico como um todo.
Seu desrespeito pela opinião diferencial causa graves transtornos sociais perante os excluídos, muitas vezes ridicularizadas, as pessoas marginalizadas por não se enquadrarem na padronização massificante, permanecem como membros incompreendidos e inadaptáveis ao regime preconceituoso e pouco abrangente.
A discriminação ridiculariza, critica sem embasamento e exclui indivíduos não correspondentes ao perfil exigido pelos grupos modistas estáticos e pouco receptivos; por razões de estagnar o conhecimento e prendê-lo ao que a mídia e o empirismo não fundamentado conseguem, a ignorância e seus efeitos nocivos ampliam diversos fatores negativos no convívio social e na própria mente dos indivíduos, assim eles crescem iludidos com seu estilo de vida e tornam-se descrentes, insensíveis, inflexíveis em contraposição aos problemas e soluções para sua própria existência.
Os alienados tem uma padronização em seguir modismos regidos pela mídia manipuladora, esse comportamento repetitivo é motivo de prestígio entre seus semelhantes.
O modismo externa uma grande deficiência ou ausência de senso crítico, uma má avaliação empírica, argumentos depreciáveis e respostas ilógicas e incoerentes.
A imensa falta de opinião individual dos modistas faz com que sua opinião seja quase sempre monossilábica e sem alicerces argumentativos, fazendo dos influenciados indivíduos facilmente manipuláveis e pouco racionais diante de situações que exijam uma boa base cultural necessária para que escolham e separem o que é benéfico ou nocivo; existem poucas variantes dentro de seu gosto pessoal estreito. Seja pela música, vestuário, comportamento social, objetivos de vida e demais fatores, o modismo está presente em diversos hábitos e interfere diretamente nas relações sociais, tornando suas relações harmônicas somente entre seus semelhantes.
- Mensageiro Obscuro.
2004.