O INSACIÁVEL MONSTRO DA GUERRA.

Acompanhamos atônitos a batalha que se estende entre a Rússia e Ucrânia, um conflito longe de terminar, com inúmeras baixas de todos os lados, podendo arrastar o mundo para um luta ainda maior.

Não vou entrar em detalhes de quem está certo ou errado, esse ou aquele e nem nada de política internacional, mesmo porque não entendo do assunto...

No entanto, recentemente terminei de ler um livro ótimo, cuja abordagem tem semelhanças com a realidade lá de fora. O livro é de Isaac Babel, "O exército da cavalaria". É um livro repleto de histórias, contos cujas temáticas giram em torno de batalhas, soldados, acontecimentos no fronte, o dia a dia dos guerreiros, os seus medos, anseios, as baixas sofridas.

É o primeiro livro que leio do autor, e me fez refletir bastante sobre as guerras.

Na guerra não existem vencedores, todos são vítimas e alvos, todas as famílias, não importa o lado, ficaram enlutadas, um pai perderá o filho, assim como filhos ficaram sem o pai. No canto de alguma sala uma jovem esposa chorará a perda do seu amado, enxugará as suas lágrimas na roupa do marido se perguntando o porquê de tamanha atrocidade. Do outro lado, a mesma cena, lágrimas semelhantes que se tombaram sem o conhecimento daqueles que planejam esses massacres.

O Brasil é uma nação pacífica, não temos investimentos pesados na máquina do exército, diferente de outros lugares que deixam de investir no bem estar do seu povo para comprar armamentos, desenvolver bombas, comprar tanques, enfim, alimentar o monstro da guerra. Os jovens são treinados para serem armas de matar, tornando-se frios e calculistas, é a exigência dos campos de batalha, uma vez na trincheira, não importa quem está do lado oposto, se tem esposa, pais ou filhos, é um inimigo que deve ser morto.

O livro exército da cavalaria mostra essa face menos agradável da luta, cita lugares e países que parecem nunca ter abandonado as trincheiras. Fico pensando na tristeza de cada olhar ao mirar o horizonte e ver mísseis voando de um lado para o outro, um por do sol cinzento, e depois o medo de ser o próximo alvo. Não vou cansar de repetir que na guerra não há vencedores, existem aqueles que lucram com a morte dos seus e dos outros, quanto aos vencedores... Desculpe, não consigo enxergá-los. O meu bisavô materno foi um soldado enviado aos campos de batalha em quarenta e cinco, por um milagre ele retornou, porém, a minha avó conta do desespero da família a cada noticias da guerra, orelhas grudadas no rádio, o coração batendo descompassado.

Vou terminar essa crônica por aqui, não era bem essa a ideia que eu tinha em mente, contudo, uma coisa levou a outra, a história do livro se faz tão real nos nossos dias, e poucos parecem se importar. Não quero que meus finais de tardes sejam cinzentos e empoeirados, e nem que o meu nome ou de outros amigos estejam cravados em alguma lápide esquecida. Cultivo a paz, desejo o mais belo entardecer para todos as nações, sem bombas, sem batalhas onde não há vencedores.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 06/08/2023
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