VITÓRIA INESQUECÍVEL
Devia ter uns 10 anos. Frequentava o clube A Hebraica, em São Paulo, com a família. Lá tinha um trampolim de 2 níveis na piscina. Via os colegas pulando do 2o. nível e tinha a maior inveja pra fazer o mesmo. Mas o medo assumia todo meu corpo quando chegava no nível mais alto, obrigando a recuar, derrotado. Nem lembro mais das tantas tentativas em vão. Teve um domingo em que fui sozinho ao clube. Novamente subi no trampolim, tremendo feito vara verde. Cheguei no 2o. andar e fui, passinho a passinho, até a ponta. Olhei pra baixo e me senti no topo de um desfiladeiro, algo como no pico do Everest. Fiquei parado alguns segundos e pulei. Quando caí na água, fiquei encharcado de uma sensação de vitória sem par. Saí da piscina correndo e fui procurar um orelhão pra ligar à minha mãe, compartilhando com a querida Da. Rosa aquele gesto triunfal. Hoje, do alto dos meus 65 anos, lembrei do momento e revivi a emoção daquele garoto.