O colar

“A joia descansa, a dona faz tempo que não me procura..... ”. No porta-retratos sorridente ao mostra sua elegância, simpatia, brilha ainda mais o colar pendurado no pescoço usado na festa de seu 15 (Quinze) anos. Diagnosticada com mal de Alzheimer revê a foto, chora, foi nesse dia que conheceu ele.

Os anos de viuvez assentou a poeira da dor, porém a saudade volta meia açoita seu chicote e faz rolar lágrimas que sangra seu coração cansado.

Deixa de focar na foto e olha no espelho se vê bem diferente, as manchas escuras pintas suas mãos, os sucos que base não cobriu realça mostrando as linhas das rugas do tempo. Ai volta a olhar a foto novamente; corpo seu ereto o vestido longo mostra o contorno de uma cinturinha de pilão, no auge da juventude resplandece a leveza de uma rainha rumo ao trono da felicidade.

Abre a gaveta da penteadeira, busca entre o estojo de maquiagem uma embalagem de pó de arroz, este produto de maquiagem é composta por diferentes ativos e conhecê-los é importante para evitar alergias, inclusive quando falamos de produtos menos utilizados, como o pó de arroz, também conhecido como pó translúcido. Mas com passar do tempo endureceu só lembrança ficou.

Dá uma guinada no passado, busca empetecar-se desfila em seu quarto imaginando que esta novamente numa passarela e o júri capita os mínimos detalhes, retira o colar do pescoço como um rosário entrelaça nos dedos da mão direita, deita na cama e adormece pra sempre deixando um bilhete: “Aqui viveu uma mulher feliz enquanto durou......”

Jova
Enviado por Jova em 03/08/2023
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