O INDULTO DE PETROBRAS E ELETROBRAS

O INDULTO DE PETROBRAS E ELETROBRAS

Para: Élson Moraes & Vânia

[Castro Rosas]

Quando o advogado Élson Moraes terminou de atender seu primeiro cliente do dia, este saiu lhe prometendo trazer um agrado lá do sitio, por não ser cobrado por tal orientação jurídica.

Dias depois, o cliente retornou trazendo na mão uma sacola com um galo dentro. Élson – sem saber o que dizer – ficou agradecido.

Em um canto da sala, o galo ficou amarrado dentro da sacola. Vez ou outra, Élson olhava a sacola sem saber quem iria matar o galo para o almoço de domingo. Sua esposa Vânia é prendada em fazer uma boa culinária, mas será que teria coragem para matar e depenar o galo?

Meio-dia. Élson passou a mão na sacola e colocou o galo no porta-malas do carro, chegou em casa meio que de brincadeira com um sorriso mateiro, perguntou:

– Vânia, você sabe como se mata um galo?

Vania de pronto respondeu:

– Do mesmo jeito que se mata uma galinha.

Élson voltou ao carro e retornou com a sacola na mão entregando para Vânia.

–- Esse vai ser nosso almoço de domingo – disse o marido.

Vânia olhou a sacola e foi taxativa: “Esse é mais um mimo de cliente. “Pois é”, respondeu Élson com um sorriso de canto de boca.

Vânia abriu a sacola e deixou o galo sair. Logo, a ave deu dois passos, ficando imóvel observando o novo ambiente. Quintal de boa dimensão com vegetação rasteira e frondosa, semelhante ao habitar de onde viera.

Vânia logo ganhou simpatia pelo penoso, ficou alguns minutos observando, quando surgiu a ideia de fotografar o galo e mandar para as sobrinhas Isabel e Luísa.

Todo cuidadoso com o galo, Élson foi logo providenciando uma vasilha com água e um pão para alimentar o almoço de domingo, mas a intenção mesmo era ver o galo mais gordo.

A tarde já ia chegando para o anoitecer, quando Isabel e Luísa foram conhecer o galo. Criança e animal têm o hábito de logo ficaram amigos. As meninas foram logo elogiando, que galo bonito! Sua plumagem branca e preta com uma variação de cinza encantou as meninas, que logo adotaram a ave como seu bicho de estimação; e sentenciaram que o galo era delas.

Élson coçou a cabeça (lá se vai meu almoço de domingo):

-– Com tanto sócio, só tem um nome para esse galo: Petrobras.

Depois de adotado, Petrobras não aceitava mais comida que sobrava do almoço, ou seja, resto do prato. Passou a comer ração de boa qualidade e, mais, adotou um ritual para que Vania se afastasse da sua comida: levantar uma asa e ficar circulando em volta do tacho, lembrando a dança do índio para pedir chuva.

Aos poucos Petrobras foi ganhando notoriedade, marcou território no quintal, expulsando todo e qualquer animal ou ave que adentrasse no seu território.

Élson tem levado algumas bicada do bicho, que anda meio inquieto. Ultimamente tem andado de provocação com Vânia, tipo menino pirracento, cagando em tudo quanto é lugar, pela manhã começa a cantar antes das 4h.

Com tanta mania de Petrobras, Élson procurou uma veterinária que foi direta e taxativa:

– O galo precisa mesmo é de uma galinha!

O advogado Élson Morais protocolou em cartório um indulto, garantindo que Petrobras e a galinha Eletrobras vão morrer de velhice aos cuidados dos seus sócios.

Castro Rosas
Enviado por Castro Rosas em 03/08/2023
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