Diário de terça-feira 01/08/2023
Acordei às três horas da manhã, pra fazer uma viagem pra capital. Uma visita para um cliente que está preso.
Foram quatro horas de viagem ouvindo música e refletindo sobre a vida, nas curvas da estrada. Às vezes é bom viajar sozinho, é um tempo de autoconhecimento e reflexão único. É um momento de solitude.
Queria fazer isso pilotando a minha Harley, mas eu não tenho uma ainda...
Este mês de agosto, é o mais difícil do ano, pra mim. Especialmente no dia 01 completam-se 18 anos que meu avô morreu, e no dia 21 foi a morte da minha avó. É o mês do meu aniversário, lembro que estava comemorando o aniversário, e quatro dias depois estava chorando no sepultamento da minha avó. Esse é um mês que eu sinto um vazio muito grande. Existem feridas que não cicatrizam, por mais que o tempo passe. É uma dor que dói no peito. Pode-se dizer que é o meu mês mais depressivo. Por isso tento compensar de alguma forma. Às vezes ajudando alguém ou presenteando, é a minha forma de me sentir bem.
Cheguei ao presídio, e precisei consolar o cliente, que chorando, queria ver a família.
Ao terminar a visita, liguei pra minha tia que mora numa cidade próxima. E fui almoçar com ela, ela queria conversar, e me pediu pra aconselhar meu primo. Passei um pouco da tarde com ela, fomos ao shopping e aproveitei pra comprar um óculos de sol.
Na saída do shopping lembrei de uma pessoa que eu gosto muito, comprei uns sonhos de mel pra ela e alguns pra mim. Na correria, ainda não consegui entregar os dela...
Na volta meu telefone tocou muitas vezes, e tive dificuldade em parar o carro para atender e responder algumas mensagens.
Parece que todo mundo resolveu ligar e enviar mensagem ao mesmo tempo.
O celular sossega finalmente.
Aí a preocupação com o futuro, vem a tona. Imparável, pede toda atenção, visto que a idade vai mudar. E com isso vem toda aquela reflexão sobre o rumo que estou tomando na vida. Quais são as perspectivas e expectativas do futuro. Tudo isso dissolvido em milhares de perguntas em um turbilhão de diálogo mental. Eu me canso só de pensar. É como se todos os meus planos fossem pessoas em uma reunião, discutindo o que farão daqui pra frente.
Cai a noite e ainda estou na estrada, sinto falta de uma boa conversa. Mas o único diálogo que tenho se resume a responder se é "débito ou crédito", com a moça da cabine do pedágio. Algumas vezes elas desejam "boa viagem ", mas não é sempre.
Quando chego em casa, não quero nada além de um bom banho quente, vestir o pijama e me deitar.
A gente aprende a valorizar os pequenos prazeres da vida. E depois de um certo tempo, entendemos que a casa da gente é o melhor lugar do mundo. É um refúgio, um lar.
Encerro aqui a minha crônica diário nesse mês de inspiração duvidosa, faço da escrita meu refúgio.