O quadro-negro

Certo que o tempo é outro, mas deslizando ladeira abaixo se depara na sala quadrangular ao lado o giz branco rabisca a data do dia. Ainda sente o mormaço vindo de fora, o vidro emperrado aberto até o meio deixando o ar quente penetrar no recinto. Carteiras vazias, algo estranho mais compreensivo já se passaram tanto tempo eles(as) se foram não esperaram o recreio dos idosos. Ali aprenderam a voar, bateram as asas a serviço do caprichoso destino fizeram novos ninhos. Já desbotado a pintura negra embranquecendo, partes do reboco descolando da argamassa, envelhecendo como tal. Computadores, Tablet, projetores, data show, multimídia e acessórios periféricos hoje ferramentas estão a serviço do ensino substituindo o velho quadro-negro.

Encostado no parapeito da janela sente escorrer o líquido quente na face, veja o álbum amarelado suspira fundo com mão trêmulas abre caixa de giz que guardou do último dia que foi nomeado o apagador oficial da louça da escolinha rural onde foi diplomado e agora iria pra cidade cursar o científico.

Jova
Enviado por Jova em 02/08/2023
Reeditado em 02/08/2023
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