Retrato

Num dos últimos dias antes das férias de inverno recebi um desenho de um aluno. Que excelente homenagem, não? E não há dinheiro que pague situações como essas.

Diria que o retrato foi um maravilhoso presente adiantado. Porque neste 31 de julho completei 13 anos que me formei na faculdade de Letras: professor de Língua Portuguesa, Língua Espanhola, Literatura e Redação. Falando assim, minha profissão aparenta ser pomposa e deveras imponente. E de fato talvez realmente o seja. Não é à toa que tanta gente poderosa faz uma cruzada contra docentes em todo o Brasil.

Mas voltando à imagem desenhada… de quando o retrato foi feito até o dia de hoje, já se foram a barba e o cabelo. Essa mudança de visual é costumeira. E como sempre ocorre, crescem mais uma vez os pelos do rosto e eis-me de novo à imagem e semelhança do que me foi representado.

Dessa forma, vou deixar a imagem em algum lugar de fácil acesso, para que quando a autoestima estiver diminuta, eu veja meu retrato glorioso e o amor-próprio se eleve.

Porque não quero envelhecer vislumbrando os versos de Cecília Meireles “– Em que espelho ficou retida / a minha face?”.

Talvez por isso a mudança constante de visual. Talvez por isso a euforia pelo retrato feito. Talvez, e apenas talvez, por completar mais um ano formado como professor.