ARTE EM TODA PARTE

ARTE EM TODA PARTE

Definitivamente esse texto não é uma crônica, também não seria um conto; posso definí-lo como sendo apenas "apontamentos" nascidos de um sonho psicodélico. Minha repetida admiração está na forma como o cérebro constrói todo o "mise en scene", o enredo para unir imagens diferentes, costurando-as numa estória plausível, com algum sentido.

Nesse caso, saí de um momento confuso sobre gatos, um deles preto e me vejo entrando numa "kombi" estranha rumo a outra cidade, antiga, sem edifícios, só casinholas e jovens vestidos aos estilo "hippye", anos 70. Após passar por uma feira ou mercado, me vejo na casa & ateliê de Caio Blat, ele mesmo, o ator global. Já me conhece (eu, não a ele) e a meu irmão "artista", com o qual me confunde (?!), digo, me julga ser ele. Cheio de intimidade, reclama que não valorizo sua Arte, seu trabalho. Entra em cena Rodrigo Santoro, ele mesmo, bem jovem e com cara de Jece Valadão, topete à ELVIS, imenso. "Roda" um filme no qual o Caio é meio vilão, impedindo o amor do "Elvis" por sua Dulcinéia, que nem aparece. Rodrigo esclarece o amigo Blat sobre seu equívoco e este me pede desculpas.

Me animo a criticar seu trabalho... "é tudo muito grande, não cabe nas humildes casas, por isso ele não vende sua produção"! Palpito aqui e ali, insisto que a imensa toalha de mesa precisa ser cortada ao meio e, vou além, ela deve ter "manchas de café, de geléia" para parecer real, não uma imitação. Ele adota meu conselho ! Pendurado no teto, outro painel enorme, tecido transparente branco com figuras geométricas em azul... insisto, deve ser transformado num cortinado !

A cena muda para a rua deserta, o bairro inteiro sem gente alguma à vista... o filme do Elvis, em p/b, continua sendo rodado à minha volta, enquanto Caio pinta uma calça Lee, um lado dela somente, usando pedras como "carimbo" em tinta prateada automotiva. Ficou interessante, tendo a calçada como bancada. Num cenário real, de dia de sol, lá está "num canto" (?!) da imagem que vejo o tal filmete em preto & branco, ainda com o "Elvis Santoro" a procura de sua Marília, Julieta ou outra donzela semelhante.

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ACORDO... minha gatinha "colorida" (traços de laranja, de branco e marrom sobre base em preto) está de volta, após 5 dias "desaparecida". Entra pela janela baixa do meu quarto -- aberta, as noites são muito quentes nessa época -- e finda no que seria minha "cama", 5 travesseiros em linha no chão frio de azulejos, mais 1 bem grande onde recosto o cérebro ensandecido e alucinado.

Já nem me espanto mais... acordo somente para anotar as estórias extravagantes e volto a tentar dormir no que resta da noite. Me ficou um "pedaço de sonho sem pé nem cabeça", para futuramente ser transformado num conto: um vovô já meio demente -- devido a idade avançada, 90 anos -- "distribui" entre os vários netinhos e netas os bens "que não tem"... os agraciados alertam para o fato de que tal presente não existe ! O velho o substitui por um novo, também inexistente. FIM DO SONHO ! Como vou transformar isso numa estória plausível ?! EU NÃO SEI !

"NATO" AZEVEDO (em 30/julho 2023, 4hs)