Reflexões à Luz da Lua: Memórias, Medos e Liberdade
Depois disso, eu acendi um cigarro com o isqueiro que ela me deu. Conversei com a Lua sobre ela e isso me fez perceber que talvez eu tenha enlouquecido. Nesse passado, só restava eu; é frio e solitário lá. Tirei a pulseira que ela me deu, já não tem mais sentido carregar isso comigo. É só uma tira de pano, mas quando a tirei me senti nu. É apenas uma tira de pano, mas parecia tão pesada quando eu segurei. Pretendo devolver algum dia, em respeito e amor às nossas memórias. Eu me sentiria um lixo do pior tipo se a jogasse no lixo como se não houvesse significado. Amanhã, eu espero que o céu esteja azul. Quero logo recitar e gritar o som da liberdade, som esse que não pertence mais a ninguém, somente a mim. Me identifico um pouco com Clarisse Lispector, sinto o mesmo medo que ela sentia, medo do presente porque ele é incerto. O presente é a gente que faz? Ou ele se faz sozinho? De todo modo, quero prender, amarrar e segurar cada momento como se fosse o último, porque no passado já não me cabe mais. O futuro brilha e o presente me chama.