Banquete

O cheiro inconfundível penetrou no nosso automóvel impregnando-o, o que deixou as pessoas que estavam comigo impacientes. Ao nos aproximarmos, avistei todos reunidos em torno de um imenso banquete, e fiquei surpresa ao ver tantos ali, ansiosos para desfrutar da comida. Parecia uma verdadeira festa, um dia especial para todos eles.

No meio da aglomeração, o burburinho era intenso, e eu me perguntava o que poderia estar acontecendo. Talvez um deles estivesse se comportando mal à mesa, causando alguma discussão, ou quem sabe um deles havia encontrado a melhor parte do banquete e isso causou uma certa animosidade. Era difícil dizer ao certo.

Os negros convidados, com seus bicos elegantes, pareciam especialmente satisfeitos com a carne do grande animal morto, que era o centro do banquete. Confesso que, ao observar de perto, meu estômago revirou um pouco, mas para eles, aquilo parecia uma verdadeira delícia. Alguns voavam pelo local, talvez para fazer a digestão após a farta refeição.

Em meio a toda essa movimentação, um urubu mais desavisado, possivelmente um jovem, veio voando em direção ao nosso carro e acabou batendo na extremidade do retrovisor. Soltei um grito de surpresa, uma pena ficou presa no espelho, o urubu aparentemente não se moveu.

Apesar do acidente, o burburinho e o banquete prosseguiram, como se nada tivesse acontecido. A cena era única e, de certa forma, fascinante, mas logo seguimos nosso caminho, deixando os urubus aproveitarem o seu dia de festa em paz, o que para mim era um horror, para eles era fascinante.

Daniele Pereira
Enviado por Daniele Pereira em 29/07/2023
Reeditado em 05/08/2023
Código do texto: T7848975
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