Lembranças Fúnebres: A Dialética da Vida
Essa é a última vez que escrevo.
Eu morri, eu olho meu corpo por dentro e por fora. Por fora, com olhar cansado e semblante triste, mas ainda assim, com o corpo sadio. Por dentro, despedaçado, sem calor, sem brilho. Eu tentei, juro que tentei juntar tudo, mas fui quebrado em tantos pedacinhos que a tarefa se tornou impossível. Mal consigo me reconhecer no espelho, e não gosto do que vejo.
Eu morri, lembro que nos meus dias de vida, mesmo com as enfermidades da vida eu era feliz, brilhava, reluzia, encandeava. Meu motor primário era a semente de esperança que você enterrou fundo no meu peito.
Eu morri, a semente não germinou, e o frio da solidão novamente me abraça. A minha morte foi lenta e dolorosa, tentei a todo custo manter essa luz brilhando, mas no final, eu morri.
O que será que vai florescer desse corpo em podridão?