El Negro Jefe
CONFESSO que não sou chegado a aplaudir caudilhos e nem sigo nenhuma liderança sem questioná-la. Resumindo; sou absolutamente contra o culto à personalidade.
No entanto, admito que é necessário em qualquer organização, movimento, causa ou qualquer tipo de empreendimento um líder, um chefe, um comandante. Alguém com vocação para o comando, para tomar decisões, liderar. Alguém capaz de impor respeito e vocacionadas para o comando. Detalhe: o líder não precisa ser o mais talentoso e o mais inteligente. Precisa apenas coragem e capacidade para liderar.
Poderia falar sobre vários líderes. Mas vou apenas recordar um: Obdulio Varela, o capitão do time do Uruguai na Copa do Mundo de 1950 realizada no Brasil em que os uruguaios se tornaram bicampeões. Obdulio foi quem comandou o time. Um time que o mundo todo sabia ser inferior ao do Brasil. Os brasileiros já comemoravam a vitória, já haviam confeccionado as faixas de campeão. Os políticos já faziam discursos. Vencer o jogo contra o Uruguai seria um mero detalhe.
Só que o Uruguai era um time bravo e tinha como capitão Obdulio Varela, El Negro Jefe como o chamavam. Pois bem diante de 170 mil pessoas no Maracanã, o Uruguai entrou em campo. Obdulio disse aos comandados: - Não pensem nessa gente. Não olhem para cima. Os uruguaios não olharam e partiram para a luta. O Brasil fez logo um gol. A festa recrudesceu, mas aí sob a liderança do El Jefe Negro, o Uruguai foi reagindo e empatou o jogo. Depois virou para 2 x 1 e venceu o jogo. Gerou o Maracanazo. Tristeza geral. Disse Nelson Rodrigues: “A humilhação de 50, jamais cicatrizadas, ainda pinga sangue. Todo escrete tem uma fera. Naquela ocasião, a fera estava do outro lado e chamava-se Obdulio Varela”.
Fica o exemplo de líder de verdade. William Porto. Inté.