“POEMA HYPIE 01”
REPESCAGEM
Que soprem os ventos na esquina dos aflitos em Belo Horizonte e traga o cheiro dos “Kraques” do passado, que hoje cedem lugar aos mais jovens treinados em academias americanas e que se vestem de preto e se chamam de “ninjas do bem” e suas espadas são apenas punhais cegos que não cortam gargantas, mas sufocam e restringem o oxigênio deixando que a vítima fique com a mente petrificada e morra em agonia. Mas entre os nativos e bichos grilos da esquina ainda rola a saudade do mais barato. Então que venha esta brisa até ao meu nariz já desgastado pelo giz que se desprende das esponjas ao limpar a lousa da minha mente suja com os restos de “coca e cola” consumidos no dia a dia da inércia dormente produzidos pela preguiça causada pela falta de opção que nossos caciques oferecem de graça deixando sem incentivo os avoados de mentes parvas que chamam de desaperto: apontar uma arma para um velho que consideram inútil e lhe tomar a aposentadoria que será muito mais útil gasta no prazer louco antes da morte do que comprar drogas de remédios para manter estes idosos inaptos e que deveriam ser fuzilados quando atingirem sessenta anos e deixarem de produzir tornando-se figuras de enfeite pesando muito para o imponente regime atuante que criam esta juventude dos novos tempos corajosos e capazes de servir a pátria com tanto denodo que se preciso são capazes de matar pai e mãe e avós e tias e quem quer que seja para continuarem vivos e ativos consumidores alienados e servir a pátria amada na hora de votarem para manterem no poder os caciques que colocam o maná nas bolsas da família e garantem o sustento e a certeza de viverem na adrenalina da aventura de matarem e serem mortos nesta guerra da vagabundagem e violência enquanto gritam a frase “Liberdade liberdade abra as asas sobre nós”.