Maravilhar-se com
...Jogou o peão tão forte, mas tão sem força. A resposta foi um lance indevido e sem graça. Positivamente no próximo lance modificaria as circunstâncias. Precisam de uma ação... O cérebro necessita aliviar o barco, respirou com alivio. Afinal tratava-se de partida livre dessas de rainha louca. Caso jogasse o cavalo ele subiria tão rápido para ataque impreciso mal sabendo que o porvir é assaz. Só não podia cair em distração olhando a cola do avental da diarista que passava rumo à copa com copos e garrafas. Seria o terceiro rei deitado da semana comemorativa do seu quadragésimo quinto ano de vida. Perdoaria sendo uma linda senhora de mãos finas e de olhar carnavalesco.
Na hora de ir embora, derrotado ou não, guardava palavras de cavalheiro: é tarde! Muito tarde! Já está tarde. Monumental e outras quejandas gentilezas de lidar com jogo tão espantoso. Para não malquistar-se em sua fisionomia de sujeito homérico e comedido derrotado ou vitorioso era sempre o mesmo. No último lance, a menos que, por ênfase ou inesperado momento de imprudência fatal, ali onde intenção não alcança o gesto; fosse massacrado pela captura de peão por outro peão, resultando em duplo ataque. Garfo oriundo de amargo gambito (mal calculado) da abertura mal feita. De sorte que no próximo lance deveria salvar a rainha ou o bispo.
Manteve a calma a bandear-se para batalhar com rock menor procurando complemento no tecido lógico já desfeito pelo atacante nas profundezas das torres. Torres que ele tratava como canoas, bispos de elefantes, mudando os nomes. Portanto remontava uma fábula sem tirania que ele tirava do jogo e fazia rir por loucura. Pois é: o teu elefante está para virar a minha canoa! Fazer o quê!
De fato Brandão almejou no lance tomar uma das duas peças ameaçadas num ataque duplo ofensivo, mas como estava no uísque, Grace colocando música alegre e generosa, poderia prevalecer à descontração num átimo. Aproveitou a chance de troca simultânea. Duplo com duplo. Só que o empate visita as almas distraídas feitas de boa ventura numa espécie de surpresa.
Ficava alegrão dias e dias.