A menina Alessandra e a emoção do Natal em família.
A vida é realmente uma grande caixa de surpresas, pois quando menos se espera defrontamo-nos com situações inimagináveis.
Num desses poucos fins de semana ensolarados do mês de dezembro, estive na cidade mineira de Muriaé, visitando um de meus irmãos, uma vez que era o aniversário do querido sobrinho Flávio.
Ao chegar, como sempre recebido com carinho conforme é do hábito de nossa família, após cumprimentar e beijar os sobrinhos aproximou de mim uma menina, até então desconhecida, aparentando uns dez anos, confirmado posteriormente, a qual, demonstrando educação e meiguice tomou-me a mão, dizendo: - Sua benção, vovô Dema ,( assim sou chamado no âmbito familiar). Sem nada entender respondi com afago: - Deus lhe abençoe minha neta!Como é mesmo o seu nome? Sorrindo docemente respondeu: Chamo-me Alessandra e estou feliz em conhecê-lo, vovô.
Da outra sala o meu irmão solicitou que eu aguardasse sua explicação, fato ocorrido posteriormente, desvendando a minha perplexidade. Naquele momento Alessandra participava junto aos sobrinhos da montagem da árvore de Natal, esbanjando euforia e esfuziantes sorrisos.
Contou-me o irmão que sempre foi da intenção de sua filha, minha sobrinha Janaína, cuidar e assistir a uma criança residente no orfanato das imediações de sua casa. Segundo esclareceu-me, foram conciliadas duas situações, ou seja, não apenas oferecer um lar a quem carece, bem como proporcionar companhia a sua única filha Isabel, minha sobrinha neta.
Conversando com Janaína, pedagoga, a respeito de sua nobre decisão e de minha preocupação com a convivência de Isabel com hábitos diferentes fui tranqüilizado porque se trata de uma escolha consciente e dirigida. Emocionada, a sobrinha Janaína enfatizou considerar-se feliz pela companhia de Alessandra a qual vem se adaptando às normas de seu lar, citando uma célebre frase de Clarice Lispéctor: “Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem.”
Antes de retornar à minha casa tive a grata constatação de que Alessandra está vivenciando uma oportunidade de voltar a ter um lar, uma família que a trate como filha.
No meu ponto de vista todas as pessoas preocupadas em fazer algo por alguém e que efetivamente o fazem, merecem não somente o nosso respeito, como ainda profunda admiração.