Causo
Tive o prazer de conhecer o maior corno do mundo. Isso mesmo! O maior. O homem mais cornificado em toda história hostil da humanidade. Fui um privilegiado por conhece-lo. Sua história resume-se por sete casamentos, e em todos, por suas mulheres, ele foi guampeado. Teve quatro filhos, nenhum parecido com ele. Nem unzinho. Um azar! Mas ele cultivava sua cornice. Precisava sustentar essa honrosa dádiva, precisava que alguém o cornificasse.
Mário era um sujeito simples, magérrimo, usava bigodinho e era reserva no time do Laranjeiras. Dizem as más e impetuosas línguas que ele nunca jogou um único jogo pelo time por não saber chutar uma bola e que só era jogador do Laranjeiras por ser genro do dono do time. O Aristeu. Aristeu gostava de seu genro, dizia que Mário era um homem confiável e talicoisa e consequentemente confiava só a ele a mão de sua filha. Só a ele! E era verdade. Mário era um sujeito confiável, apesar de um tanto feio, gago e desajeitado. Era corcunda, cultivava uma corcundinha cadavérica e dolorosa que o acompanhava desde a adolescência, quando em um salto de cabeça em um riacho deu contra uma pedra e... Foi horrível! Todos davam Mário por paraplégico, mas ele ficou só com a corcundinha.
Mário era casado com Rosinha, uma morena de pernas longas e desenhadas, seios fartos e fortes e empinados, barriguinha durinha e uma boca carnuda com olhos de mel. Era um delírio, uma beldade, um sonho de consumo. Sonho já não era mais, pois ela já saíra e transava e gemia sussurros e uivos com todos os jogadores do Laranjeiras. Dizem que saiu até com um enfermeiro boa pinta meio armador camisa 10 que fazia lançamentos perfeitos de sessenta metros pelo time do Parca, o eterno rival de seu pai.
Todos sabiam, gargalhavam, balbuciavam piadinhas de desdenho às escuras e às costas de Mário. E ainda se deliciavam nas curvas douradas e saborosas de sua mulher. Apenas Mário e seu sogro não sabiam das travessuras da ninfomaníaca insaciável Rosinha. Ou não queriam saber.
Mário precisava era de uma mulher assim. Ele o amava!