E ELA ESTAVA NUA
Éramos só nós dois no quarto. A meia-luz não permitia descortinar certos detalhes, mas sabia que ela estava nua. Isso atiçava ainda mais as minhas vontades. Já estivemos juntos outras vezes, mas naquela noite parecia ainda mais provocativa. Mil pensamentos cutucavam a minha cabeça numa inquietude sem par. Ao mesmo tempo em que desejava que tudo acabasse logo, algo dentro de mim pedia calma. Nessas horas, certos instintos vêm à tona feito fera alucinada, querendo atropelar outros sentimentos que faziam de tudo pra relampejar. Queria que ela tomasse alguma iniciativa, mas algo a deixara imóvel, como se estivesse parada no tempo, parada na vida. Assim ficamos alguns minutos nos encarando que pareceram uma eternidade. Quando cheguei no meu limite, não tive outra saída. Fiz o que devia fazer, jogando longe qualquer compaixão. E a esmaguei com meu chinelo, firme e decidido como nunca havia me sentido antes.