Ritual
Como de costume, ela acordou cedo. Após tomar um banho gelado, se vestiu e foi à cozinha. A mãe já havia preparado o café, e enquanto tomava um pouco de água, ela gentilmente a entregou uma xícara do precioso líquido.
E ali, inicia-se o ritual: as células sensoriais, quimiorreceptores, captam o perfume e o conduzem por toda a extensão do corpo; seus olhos se fecham, permitindo ao cérebro sentir melhor o toque da xícara nos lábios, que sedentos desejam experimentar o quente tato; sua língua toca o palato e, a boca saliva.
O primeiro gole vem, modesto, calmo e elegante, como em um passe de mágica, ela sente o aumento de acuidade mental e sensorial, resultando no bem-estar. E assim, um gole atrás do outro, o ritual é finalizado.
Ela coloca a xícara na pia, comenta brevemente sobre a agenda do dia, pega a bolsa e se dirige à porta, a mãe dela segue o trajeto. As duas trocam um beijo de despedida. Enquanto segue o caminho, faz uma pausa e olha para trás. Na calçada, carinhosamente, a mãe permanece a olhar a filha que a saúda com um largo sorriso, seguindo para o trabalho.