SINFONIA DA VIDA (crônica)
A vida é uma sinfonia a ser interpretada. O palco está escolhido e pronto, e a obra do Criador nos aceitando como coautores.
Nos é dado, além do palco, apenas o pentagrama, a chamada pauta musical de cinco linhas e um único sopro de sobrevivência iniciado numa esperançosa inspiração e a ser terminada na mortal expiração.
A obra da vida é único hiato, uma longa composição com diversos instrumentos chamados de parentes, amigos, próprios frutos gerados e de desconhecidos; com eles verdadeira mão-posta. Mesmo assim acabaremos decepcionando ou sendo decepcionados, pois, a ária composta é de mão dupla: Sempre dual, sendo que na dualidade é que se acerta ou se erra.
A sinfonia da vida tem melodia sucessiva de sons, com as suas durações e acentuações durante as variadas expressões de pausas, forçadas ou naturais. Muitas são as verdadeiras, outras falsas, que acabarão mostrando dos expectadores a real personalidade. Mas, o importante de tudo é que para nós será sempre aquilo que realmente é importante: alcançar a harmonia. Exatamente: O objetivo alcançado, o gran finale, a pessoal harmonia. Que nos seja bela, já que saída foi é da alma. Aos expectadores é que caibam os papéis de críticos, apenas.
A vida, é uma sinfonia eternamente inacabada. Compostas por trechos. Trechos que interpretados devem ter as notas libertadas, sem apegos, como andorinhas que deverão procurar outras paragens, outros verões. Assim é que se deve ser: Uma incansável busca através de eternas revoadas, de novos e nossos sentimentos, para que outras partes sejam compostas por cada um, recriando mais um breve presente: A sua única e presente reinterpretação, antes da chegada pessoal e mortal expiração. Aí mais nada se pode fazer...
Mais nada se pode criar... Mais nada se pode interpretar... Mais nada se pode sonhar, pois...
O pano desce e o espetáculo se finda e nem nos é dado a oportunidade de ouvir os merecidos aplausos ou vaias.
Contundente assim: da vida não levamos pelo menos os merecidos aplausos ou vaias.