BARBIE E O PERIGO DE SE PADRONIZAR SERES HUMANOS

BARBIE E O PERIGO DE SE PADRONIZAR SERES HUMANOS

JOEL MARINHO

A padronização seja talvez uma das “taras” humanas mais intensa e não podemos negar que para coisas em muitos casos isso seja de excelência, como por exemplo, os cálculos matemáticos que ajudam a programar os computadores tão necessários à nossa vida prática atualmente, entre tantas outras advindas da padronização.

No entanto, o homem foi além e passou a padronizar a si mesmo, classificar como gordo, magro, feio, bonito, isso acabou trazendo um incômodo imenso capaz de deixar traumas e dilacerar a si mesmo. Já nascemos padronizados, não precisamos de novas padronizações criadas por nós para nos traumatizar.

E foi assim que o filme da Barbie atraiu tanta gente ao cinema. Se bem que o cinema estava precisando disso, voltar a ter seus momentos áureos das décadas de 1970 até a década de 1990, que sofreu grande baixa com a popularização das fitas K7, nos anos 2000, a popularização da internet e a facilidade de se encontrar e assistir filmes em casa e com o advento da pandemia isso se intensificou imensamente. Estava na hora de voltarmos a sair da “caverna de Platão” e sermos trazidos ao mundo real, pasmem vocês, por uma boneca do mundo imaginário.

Então, por que esse filme está causando tanto?

Não vou falar detalhes para não dar spoiler, mas trata-se de vários temas como a despadronização do patriarcado, instituição criada pelos homens e “vendida” como “verdade absoluta”, despadronização da beleza, bem, vou ficar com esses dois para não me chamarem de estraga prazeres.

Focarei aqui apenas no tema “beleza padronizada”. Como já afirmei, a padronização de certa forma não é ruim, mas quando se trata de corpos que mexe com sentimentos isso pode ser mortal.

Então, quando vemos uma imensidão de mulheres adultas, algumas já idosas indo ao cinema percebemos o quanto de crianças feridas existem naquele lugar, pessoas, inclusive algumas as quais conheço se emocionando por se sentir representadas no filme, visto que durante a sua infância via-se diferente e fora dos padrões de beleza a qual a boneca padronizada e sem defeitos representava. Logo esse fator da diversidade de corpos com ou sem celulite, pretas, brancas, asiáticas, grávidas, faz com que essas mulheres se sintam de certa forma representadas, quebrando aquela padronização exclusiva de beleza modelo.

Talvez tenha sido isso e provavelmente em muitas de forma inconsciente que faz os cinemas do mundo lotarem de pessoas e é bem legal ver homens acompanhando suas namoradas, esposas, filhas, mães para assistirem juntos. (Ah, não estou falando de crianças, até porque o filme tem a sua classificação).

Apesar de vários temas dentro do filme essa quebra paradigmática dos padrões de belezas a mim é o principal ponto de partida, pois dar as mulheres essa representatividade e o olhar que todas são diferentes e bela dentro do seu próprio padrão único e exclusivo de beleza, isso é algo magnífico.

Eu particularmente gostei, não tem nada de estardalhaço como nos filmes carregados de tecnologias e efeitos especiais (não que não tenha), porém traz vários conteúdos de discussão social, portanto, sugiro às pessoas que forem assistir ao filme se informar um pouco, ler filosofia sobre o que é o belo do decurso da história e suas transformações, estudar um pouquinho a sociologia e como as sociedades humanas foram sendo formadas, lembrando que quanto sociedade estamos em intenso processo de mudanças sociais todos os dias.

Leia, se informe, a não ser que queira voltar do cinema com aquele ar de frustração de...nossa, paguei aplicativo, paguei pipoca cara, perdi meu tempo em fila e o filme é uma mer... não entendi nada, como já ouvi dizer, inclusive opinião de pessoas que não viram o filme e deram sua opinião ao ouvir a opinião de outros. Faça-me um favor, às vezes é melhor calar! O silêncio agradece as falas emburrecidas que não são pronunciadas.