Deixe-o entrar.
Na cadeira vazia
Ele sentou -se
Puxou -a para o lado
Para desempedir o corredor.
Ele parecia um pouco ansioso
Naquele momento não parecia querer conversar,
Sobre a situação que o afligia.
Talvez para tentar quebrar o clima algum assunto trivial
Imaginava-se uma lista de assuntos para quebrar o gelo.
Por estar por muito tempo fora de casa só se ouvia grunidos da voz e o silêncio tomava conta do recinto.
E de repente ele levanta a mão timidamente e diz; Quero um pouco de água, você tem?
Ela, Mariana,uma assistência social sorri levemente e diz; Sim já vou pegar pra você!
Havia um jornal sobre mesa, ele olhava curioso pois havia um poema escrito lá.
O adolescente pediu para ler ,ela o autoriza a ler o poema no jornal.
Até para saber se ele se comunicaria mais com ela ,esse adolescente fugirá de casa há alguns dias por maus tratos que sofria do pai, Mariana é uma assistente social de uma cidade do interior do Brasil.
Lógico que seu dever é encaminhá-lo para um abrigo o mais breve possível é de praxe.
Mas no momento ele está em choque,mas ao ler o poema no jornal ele se acalma e se abre com ela, e diz o que aconteceu para Mariana.
Ele diz que tem 14 anos,e seu nome é Rafael, e há um bom tempo ele e os irmãos e a mãe sofrem com maus tratos por parte do pai.
A assistente social Mariana,encaminha a família para um abrigo seguro.
Mas qual era mesmo o poema no jornal?
Poeta: Casimiro de Abreu -
Título:Meus oito anos.
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d’amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
"Está é uma estória fictícia,mas acontece todos os dias nos lares brasileiros."