Querer bem
Prefiro quem me queira bem de longe e não me faça cobranças de nenhuma espécie. As exigências, aquelas além da saudável imposição de limites na relação, engessam o sentimento e precisamos filtrar ações e até pensamentos para não ferir melindres. Tarefa penosa e cansativa.
Querer bem de perto é muito agradável e, se há afinidades, é puro divertimento e retribuição. Penso que retribuição é um dom raro, pois o que mais observo é gente retribuindo “na mesma moeda” somente o que desagradou, não o que a encantou. Seria tão bom se fosse uma via de mão dupla…. No entanto, dois pesos e duas medidas é o lema de muitos. Já na troca saudável uma parte enriquece o mundo da outra e vice-versa, saímos mais cultos e ricos de uma boa amizade mesmo que não dure por toda a vida. A vivência assimilada é imortal, nos agrega valor.
O importante no querer bem é dizer a verdade sem magoar, ser sincero com tato. Não é preciso aquiescer sempre, o que soaria falso, melhor interagir expondo nossas ideias, mas sem tentar mudar o pensamento do outro. Tratar pessoas como gostaríamos de ser tratados e não há parâmetro melhor. Quando existe essa harmonia em qualquer tipo de relacionamento é feito um bilhete premiado, indica maturidade emocional porque saber frustrar-se é algo a ser conquistado, não vem “de fábrica”. Há quem passe a vida querendo ter razão, convencer terceiros e litigando incessantemente, seja no meio familiar, no trabalho ou círculo de amigos. Não sabe querer bem, não entende que, embora nada nem ninguém seja perfeito, é possível conviver com as diferenças com suavidade. Querer bem é uma arte lapidada dia a dia e tem como ponto de partida a própria aceitação como seres falhos, porém metamorfoseando-se tal qual crisálida eclodindo em borboleta.