Delicadeza na UTI
APESAR de me achar um casca grossa, sou alguém que é fascinado pela delicadeza. Admito mesmo a delicadeza natural. Sim, a delicadeza natural, porque a artificial, forçada, aquela exagerada que se confunde com chaleirismo e adulação, esta abomino, detesto sinto asco.
Tudo bem, sei que vivemos numa época que a delicadeza está agonizando. Ela, sua irmã gentileza, o romantismo e, claro, a boa educação.
Não sei explicar todos os motivos que geraram essa onda de grossura que virou moda. Ser grosso, rude e mal-educado virou jeito de ser, moda. Um dos motivos é sem dúvida porque a cultura está em baixa. A tecnologia está abolindo os bons modos, reduzindo e vulgarizando a linguagem, gerando um comportamento manada de grosseiros. Todos uivando desaforos, batendo palmilhas para a ignorância e até para a violência. Quem discorda, as honrosas exceções, é discriminado e ridicularizado.
Quem se mete a ser contracorrente é isolado e escanteado.
Deploro e me revolto por constatar que a delicadeza está na UTI devido à moda imposta pelo capitalismo selvagem. William Porto. Inté.