A “vela” chamada Nina: uma saudosa reflexão...
Grande descoberta da humanidade na busca de luz para o clarear das noites em substituição aos candeeiros de todas as modalidades; depois usada para ornamentar ambientes solenes de caracteres diversos e, ainda, nos rincões da pobreza material social brasileira e de outras partes do orbe terráqueo, até hoje ainda funcionando como lamparina para os casebres mais desprovidos das políticas públicas, foi e ainda é, a vela na acepção de apetrecho que emite luz.
Atualmente, sua composição se resume a um pavio de cordão, recheado de cera que funciona como combustível permanente para dar “vida” àquele cordão que, aliado ao fogo, produz a luminosidade decorrente, até que o utensílio de filete de pano ou outro material afim consuma-se por completo, mesmo ainda possuindo ceras em seus arredores.
A vela também simboliza poesia, alegrias e tristezas no decorrer das lembranças humanas em sua efêmera passagem pelas bandas da Terra, notadamente nos momentos fúnebres de despedidas de entes queridos, sejam qual for a espécie em “despedida”.
Mas, é no ater da Vida rápida por que passa nas vidas dos nossos irmãos animais não humanos que o presente, pretende sinteticamente proceder a registros, por analogia ou metáfora, obviamente ante a recém experiência vivenciada com a saudosa cadelinha Nina.
Ora, pela Ciência Veterinária, a Vida que se manifesta na vida dos animais não humanos, é de uma pequena jornada cujos cálculos se faz numa razão de seis por um ou sete por um, de acordo com o porte do animal. Ou seja, para cada um ano de vida, percorre-se seis a sete anos do calendário de vida dos humanos, justamente nas hipóteses de pequeno ou grande porte do animal.
O fato concreto é que, no geral, há uma variação de entre catorze a dezoito anos, podendo, excepcionalmente, até se chegar a vinte anos de vida, face os cuidados e as medicações que acolá lhes dão uma sobrevida, quimicamente falando.
Mas é exatamente ai que reside o cerne de o quanto atentos devem ficar os tutores de animais não humanos quando de seus manejos e expectativa de vida para com eles, pois, por mais que tentemos prorrogar suas jornadas em meio a nós, bem como seus aspectos externos denotem vitalidades, pelo contrário, se extrai que os órgãos internos cansados ficam, daí não resistem mais aos medicamentos e em passagens lenta e acolá dolorosas, sofrem os horrores em dores da carne ou do chamado corpo denso que, a um bom sensível, sofre também diante de um quadro de irreversilidade à luz das forças humanas no relutar contra a natureza que em tudo pode e dita a sentença final ao meramente mortais que são e somos todos nós.
Por amor ao animal não humano de estimação ou até aos nossos semelhantes, cega-se e se prorrogam sofrimentos que poderiam ser encurtados, caso tivéssemos uma educação sobre as centelhas da Vida nas vidas das mais diversas espécies de seres vivos no planeta Terra, embora a chamada eutanásia (morte sem dor e por antecipação) seja objeto de diversos questionamentos, sobretudo teológicos à luz das angústias existenciais humanas, no dilema vida versus morte, além de objeto de diversos questionamentos que no momento, não se faz importante discorrer.
Há casos e casos, mas em especial para os nossos irmãos animais não humanos nas palavras de Francisco de Assis, é preciso preparar-se não somente para a vida curta que eles têm, mas também para um luto que dói em dimensões quiçá semelhantes à partida dos entes queridos humanos, ou, às vezes, até maior diante de tantos vínculos ali projetados enquanto convivências ultraleais tiveram entre si.
No fundo, o pavio é curto demais para a quantidade de ceras que possamos colocar na vida de nossos queridos animais de estimação, pois a Vida que nele percorre a chamada jornada de evolução é diminuta e com caminho muito mais objetivo que o dos humanos por excelência, talvez por necessidade de outras “experiências” rápidas em detrimento do árduo caminho angelical que a todos percorremos dentro de vidas distintas, para que assim possamos um dia alcançar, conforme algumas correntes filosóficas ou teologais vaticinam, ainda que outras neguem ou criem embaraços a entendimentos de tais premissas.
Assim, saibamos zelar e aproveitar bem o curto período que temos em convivência com tais seres, pois a “vela” que anima nossos irmãos animais não humanos, não tão quanto a vela do nosso dia a dia que podemos até aumentar seu pavio, tem pavio curto demais e até previsível, para que possamos nos iludir que a vã Ciência dos humanos, possa em muito prorrogar a centelha de energia que ali palpita até que a mãe natureza determine o seu regressar à pátria espiritual, pois contra as coisas da Natureza, apenas precisamos não entender muito e mais respeitar serenamente. Para tanto, amemos infinitamente enquanto durar sua jornada de vida em convivência, posto que seja realmente chama, parafraseando Vinícius de Moraes em Soneto de Fidelidade, quando tudo se trata de sentimento fraternal animal no limiar de todo o nosso também, mero caminhar.
tutor da saudosa Nina