SE EU PARTIR À FRANCESA

Se eu não tiver tempo de me despedir, quero deixar registrado aqui aquilo que gostaria de ter falado aos que foram importantes para mim.

Aos meus pais agradeço a felicidade de ter sido seu filho, os ensinamentos sedimentados pelo exemplo de vida de vocês, harmonia, fidelidade, honestidade, hospitalidade, simplicidade, solidariedade, nunca foi teorizado em casa, mas praticado no dia a dia, ano a ano.

Aos irmãos de sangue, agradeço a escola para a vida, competições, brigas, ciumeiras, companheirismo, exemplo dos mais velhos, e ser exemplo para os mais novos; não poder afinar numa briga, aprender a não dedurar a custa de sofrer um gelo dos irmãos, aprender a ser macho como os irmãos e entender as mulheres com as irmãs. Tenho dó dos filhos únicos, menos um pouco dos que têm irmão só de um sexo.

À grande família, tios, primos, e sobrinhos; no meu caso, como é grande, vocês foram extensão da minha família. Nos primórdios da humanidade não havia distinção entre pai e tios (homens) e irmãos e primos(as), todos eram considerados pais e irmãos respectivamente, assim como na nossa família. Então, se considerem já despedidos juntamente com meus pais e irmãos.

Aos amigos (as), na bíblia tem um texto que diz: "Há amigos que são mais chegados do que irmãos", são raros os amigos desta estirpe, são aqueles que entendem o texto sem conhecer o contexto, contamos para eles qualquer coisa sem medo de qualquer tipo de censura. Agradeço a simples existência deles.

A esposa e filhos, vocês são noites enluaradas, passarinhos, céu estrelado, borboletas, comida gostosa, rede de descanso, razão da vida. Não se preocupem, Defranco é só um personagem literário, não estou a despedir só exercitando a criatividade.

Já considero que criei meus filhos, plantei algumas árvores e escrevi um livro, técnico é verdade, mas um livro. Ainda quero plantar muitas árvores, um dia, quem sabe, escrever um livro de cunho literário, e curtir os netos; para mim a vida é um eterno recomeço a cada momento, a cada dia, a cada novo projeto.

Um pensamento de Miterrant:

" Não tenho medo de morrer, tenho medo de não viver".

Um beijo a todos, que a saída a francesa não me permitiria.

Defranco

Defranco
Enviado por Defranco em 19/12/2007
Reeditado em 20/02/2014
Código do texto: T783957
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