ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (70): A Dualidade da Igreja Visível.

Era uma manhã de domingo como qualquer outra. O sol brilhava no céu, espalhando seus raios dourados sobre a cidade adormecida. Enquanto caminhava pelas ruas tranquilas, minha mente vagava por pensamentos profundos, levando-me a refletir sobre a organização da Igreja visível e sua relação com a comunhão espiritual.

A importância atribuída à estrutura da Igreja era inegável. Era como um alicerce que sustentava uma construção majestosa, conferindo-lhe solidez e representatividade. No entanto, nem todos que faziam parte dessa organização eram crentes genuínos. Existiam indivíduos que carregavam o manto da fé apenas superficialmente, enquanto outros, com uma devoção sincera, não eram oficialmente reconhecidos como membros.

Essa dualidade, paradoxal como um enigma, desafiava as concepções preestabelecidas. A Igreja institucional visível, com sua estrutura aparente, não podia ser plenamente equiparada à verdadeira comunhão espiritual compartilhada pelos crentes autênticos.

À medida que o tempo avançava, pude testemunhar o florescer desse conflito interno. Por um lado, a Igreja visível desempenhava seu papel, unindo os fiéis em ritos e cerimônias, como um guarda-chuva que os protegia das intempéries da vida. Por outro lado, os verdadeiros crentes buscavam a conexão com algo maior, transcendendo as limitações físicas e formais, em busca da verdadeira comunhão de espíritos.

E assim, essa dicotomia persistia, deixando-nos em um emaranhado de perguntas sem respostas fáceis. Como conciliar a estrutura organizacional da Igreja com a vivência autêntica da fé? Como transcender as barreiras visíveis para alcançar uma verdadeira comunhão espiritual?

À medida que meus passos continuavam a percorrer o caminho da vida, percebi que a resposta não se encontrava em definições estritas ou em conceitos estabelecidos. Ela residia na compreensão de que a Igreja visível e a comunhão espiritual são duas faces da mesma moeda, cada uma desempenhando um papel fundamental no tecido complexo da existência humana.

A mensagem impactante que transborda dessas reflexões é a necessidade de olhar além das estruturas institucionais e buscar a verdadeira essência da fé. É preciso reconhecer que, embora a organização da Igreja visível seja importante, ela não deve ser igualada à experiência espiritual profunda vivida por aqueles que verdadeiramente acreditam.

Que possamos caminhar nessa jornada de descoberta, abraçando a dualidade da Igreja e da fé, encontrando um equilíbrio

entre a visibilidade e a espiritualidade, para que possamos experienciar plenamente a comunhão entre os crentes verdadeiros e a presença divina em nossa vida.